Dark Tranquillity

Endtime Signals
2024 | Century Media Records | Death metal melódico

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Mais de três décadas de carreira e é daqueles casos em que dá para dizer que nem parece que os anos passaram pelos Dark Tranquillity, ainda aqueles que mantêm maior fidelidade ao som de Gotemburgo. Chamar-lhes conservadores soa a palavrão e eles, mesmo sem viragens radicais, foram sempre capazes de evoluir e adaptar. “Endtime Signals” é mais um disco linear, mas também de algumas retomas.

A consistência de qualidade ajuda-os bastante. Não têm aquela ovelha negra discográfica, aquele tiro ao lado que seja para evitar e que alguma vez tenha causado algum cepticismo. E bem sabemos que alguns colegas contemporâneos e conterrâneos deles já não podem dizer o mesmo. Mesmo assim há um disco ou outro que divide equipas em relação ao seu posicionamento se forem obrigados a fazer um ranking. Os que acham que a modernização do “We Are the Void” podia ter algumas dores de crescimento, e até mesmo sem ter que recuar muito, para quem considera que a qualidade do último “Moment” fosse inegável mas que a criatividade do poço já tivesse abundado mais. “Endtime Signals” não entra aí, constará entre os exemplares do seu foco na convivência entre peso e melodia que lembra quem são os pioneiros dessa brincadeira. Os Dark Tranquillity tocam death metal melódico, estilo que encontrou uma saturação rápida e que também muito rapidamente encontrou o aborrecimento, mas tocam-no como ele deve ser feito.

A parte melódica sobressai-se nas primeiras audições, quase para questionar se não fazem uma à Soilwork e acabam a transição para fora do espectro mais extremo. Mas a parte agressiva revela-se. Nunca dá para passar despercebida a capacidade vocal de Mikael Stannel, e Johan Reinholdz tem aqui uma maior chance de destacar o seu trabalho de guitarra, que não parece ter tido no disco anterior. E como este é o tal álbum das retomas, além de já não estarem a brincar aos sextetos, é um bom apanhado das suas fases, mesmo que elas acabem por não diferir assim tanto. Puxa-nos o cliché do “traz qualquer coisinha dos clássicos” mas também busca ao que apresentam mais recentemente. Sim, há passagens bem mais leves mas não é pecado aqui. Ali a “False Reflection” até é dos grandes destaques. Os Dark Tranquillity baladeiros são uns bons Dark Tranquillity. E claro que é tudo ainda bastante seguro – mas com uma segurança adquirida – e às primeiras, segundas, terceiras audições custará a encontrar algo de muito distinto em “Endtime Signals” para quem não tiver uma paixão mais fogosa pelos Suecos. Nem está aqui forte argumento de conversão para quem nunca se entusiasmou por este particular tipo de melodeath. Mas está para assegurar aqueles que defendem que, na verdade, são eles os maiores nisto. São capazes de ter razão.

Músicas em destaque:

Unforgivable, One of Us Is Gone, False Reflections

És capaz de gostar também de:

At the Gates, In Flames, Soilwork


sobre o autor

Christopher Monteiro

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