Kasabian

Happenings
2024 | Sony Music Entertainment | Pop rock, Rock/dance alternativo, Synthpop

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Será que os Kasabian sempre foram uma banda de singles, afinal? Tanto grande hino que já fizeram ao longo das últimas décadas, mas tanta inconsistência no que diz respeito à recepção aos seus álbuns. Quase que desvia a atenção do elefante na sala que é a tal ausência que já se faz notar desde o anterior. “Happenings” é o segundo disco desde que o guitarrista Sergio Pizzorno deu uns passinhos para o centro e tomou as rédeas vocais.

Como quem ainda está a provar que se safa bem com este alinhamento desfalcado. E está mesmo. Não é que “The Alchemist’s Euphoria” fosse mau, mas nem como experiência falhada ou bem sucedida, deu assim muito que falar, e parece que a tal comprovação e hábito destes Kasabian é contínua. Até este “Happenings” que faz de tudo para parecer que está tudo normal. E se o anterior colocava tudo sobre a mesa, “Happenings” mantém-nos no campo “dance” da música mais alternativa, mas aparentemente mais despido aos básicos. E despiu mesmo tudo, nem meia horita passada e já está. Já se invocou aquela antiga referência Primal Scream, já se tentou seduzir os outrora miúdos fãs de LCD Soundsystem, já se tentou voltar a convencer que eles até sao uma banda de rock convencional de erguer braços num estádio. Não é por aí que se apontam pecados. As ideias estão lá. A variedade está de se lhe tirar o chapéu. Ninguém nega o esforço. Mas, qual pastilha de marca branca, perde o sabor num instante.

Instala um clima de festa que lembra os seus próprios devaneios por essas andanças, mas com noção dos seus arredores e do seu tempo. Um tema como “G.O.A.T.” tem aquele empréstimo da dança ao rock, a remontar à mesma junção que os Royal Blood tenham feito recentemente. Sem imitar a alegria de uns contemporâneos Kaiser Chiefs, recorrendo o suficiente a um arena rock mais antigo, e terão aí fãs a quem agradar. Como quem vem da britpop, não renega o madchester, aceita isso tudo, mas ainda se quer vender como um acto de art pop. Não é uma crise de identidade, porque todas essas tresloucadas descrições são muito Kasabian, mas falta algo que realmente agarre. Que o “48:13” e o “For Crying Out Loud” até podiam realmente não ser assim grandes espingardas, mas a “eez-eh” e a “You’re in Love with a Pyscho” sempre eram uma borga e, para não serem uma banda de álbuns, o auto-intitulado e o “West Ryder Pauper Lunatic Asylum” ainda existem. Não somos nós que lhes atribuímos uma crise de identidade, mas são eles que parecem maximizar o esforço em convencer-nos e a si próprios que realmente não a atravessam. E, com isto deste lado, e com Tom Meighan já a acabar de disparar o seu segundo álbum a solo e a fazer mais ou menos o mesmo barulho… Não somos de atirar sugestões, mas já que os Oasis sempre foram uma referência tão grande…

Músicas em destaque:

Darkest Lullaby, Call, G.O.A.T.

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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