1349

The Wolf & the King
2024 | Season of Mist | Black metal

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Celebremos, aqueles de nós que não somos tinhosos. O black metal, de facto, não parece ter o limite criativo que se calhar já chegou a parecer que pudesse ter. É capaz de tomar inúmeras formas e fusões, umas mais amadas do que outras, algumas que correm melhor do que outras, mas há de tudo, graças a Baphomet. Também há o simples. Para regressar às origens, a um bom Inverno Norueguês, há muita da malta original com quem contar. Como os 1349, que só não estão listados na primeira liga da “Second Wave” do black metal, vinda da Noruega, porque apareceram um pouquinho depois.

The Wolf & the King” é o título que dão à sua nova missa, recorrendo à estória do lobo que devora o rei, que em seguida é engolido pelas chamas, e nasce um novo rei das cinzas. São os próprios que veem aí uma boa metáfora para o desenvolvimento pessoal e mudanças. No entanto, os 1349 nem são dos mais dados a reinvenções, ou dos que parecem sentir que precisam mais delas. Umas experiências ambientais ali em 2009, que dividiu opiniões, e voltaram aos básicos. Não é facilitismo, ou algum piloto automático activado, se se sentir realmente um esforço em manter o veneno no seu black metal tão puro. Não é cru por ser cru, é uma lição de como é o black metal assim nesse estado, e é assim que vai sacudindo a pressão de um discaço como o “Hellfire” já estar feito e não haver grandes hipóteses de lá voltar.

Há uma ilusão de abrandamento em “The Wolf & the King.” Como se os 1349 tivessem ficado mais suaves, vejam lá a blasfémia. É possível que já existam exemplos de maior brutalidade em black metal na sua forma mais pura, sim. Dos próprios, e volta a reforçar-se que o “Hellfire” lá está no sítio dele. Mas este disco permite-se ter alguns subtis flirts com melodia e grooves. “The God Devourer” e “Inferior Pathways” continuam a ser exemplares no que toca a este estilo no seu estado bruto, e “The Vessel and the Storm” até quer thrashar como gente grande. Mas “Ash of Ages” realmente tem bastante groove que, não chega a black ‘n’ roll, mas até é comparável a Satyricon – não há cá ofensas, que bem sabemos que há membros em comum. “Inner Portal” faz-nos pensar se é assim que ficará uma canção de NWOBHM que tenha submergido no Inferno e regressado carbonizada, e “Fatalist” até parece que nem devia ter o direito de ser tão melódica. Mas tem. E o álbum funciona assim, com subtilezas para dispersar ideias de que é um álbum demasiado simples e homogéneo. Ou, que Satã nos livre, suave.

Músicas em destaque:

Ash of Ages, Inner Portal, The Vessel and the Storm

És capaz de gostar também de:

Satyricon, Tsjuder, Gorgoroth


sobre o autor

Christopher Monteiro

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