Aqui é muito simples. Querem death metal, como manda a doutrina antiga, com a dose certa de brutalidade e andam, feitos desalmados a olhar ao que se faz – e muito bem – pelo mundo fora? Os Tvmvlo já não são um segredo mas pode haver sempre algum distraído que não saiba que já cá andam há um tempinho a debitar disto com categoria. Agora abrem-nos os “Portals of Terror” para uma experiência que poupará poucas almas e nenhuns pescoços.

Não há cá intros ambientais. Tem uma introdução, sim, mas é um riff, o melhor cartão de visita para o que aqui encontraremos. É logo a empurrar-nos para o túmulo – pun intended, não sejamos impostores – escuro e húmido onde se vai passar o resto. Um túmulo, uma campa, ou qualquer espaço assim bem escuro, nunca nos deixam sair daí em algum momento da duração deste “Portals of Terror.” Pode ser uma caverna com ecos de um brutal assalto de graves guturais, ou um submundo de riffs avassaladores. O segredo está na eficácia e não na procura de desencantar alguma novidade. As escavações são mesmo só para desenterrar uns cadáveres em diferentes tipos de decomposição, não para tentar alguma descoberta.

Referências velhinhas, da Florida, da Suécia, daqui mesmo – também já temos uns titãs clássicos nisto do death metal mais monstruoso – e um olhar capaz de olhar para o passado, voltado para a frente. Sabendo exactamente onde não deve mexer. Esforço maior em solidificar as malhas e até conseguir aqui umas coisas de se entranhar no nosso ouvido e no nosso organismo – sem cometer o sacrilégio de se tornarem melódicos. Mas capazes de um tão simples – e tão bom – riff de thrash clássico como o de “Aesthetics of Degradation,” ou de abrandar as coisas porque somos todos fãs de Autopsy também. Graças aos Tvmvlo e mais boas companhias e à insistência em existir discos como “Portals of Terror,” o death metal, por cá e em todo o lado, está bem morto e de boa saúde.