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E aqui do nosso canto Ibérico sai uma surpresa, um black metal grandioso e épico, um exercício e ode à escuridão que não, não soa a Moonspell e que, para conceito, até decide percorrer o Mediterrâneo para buscar inspiração à mitologia Grega. Já temos algo que prende a atenção pela sua fuga ao genérico e ao ortodoxo. São os Aoidos, o disco é “Oizys” e tudo isso são nomes que já se vão ouvindo falar bastante no nosso negro panorama de peso.
E, já a partir daí, está a obra bem vendida. Já nos capta. Mas “Oizys” vai além da mera curiosidade. Sem gimmicks, não é descartável, e tem as malhas no sítio. Usa as influências à vista mas usa-as bem. É uma rica fusão de black e death que realmente não desagradará a fãs de Behemoth, especialmente quando a atmosfera se torna verdadeiramente catártica – tomem “Thrall” ou “Black Swan” como exemplos. O black metal ali por baixo da camada de um denso death metal no groove dos riffs é da categoria mais melódica, com muito de Watain a sentir-se, por exemplo, naquela faixa-título. Se a coisa se deixa ficar mais atmosférica e não existir receio de uma voz mais limpa mas agressiva, lá se invoca Primordial, com as devidas e cuidadas distâncias. E, escarafunchando bem, como em “Fire,” há ali uma psicadelia nos riffs que nos indica que afinal a malta ainda gosta de Nachtmystium.
Mas mais do que uma data de referências, umas mais ocas que outras, ou cópias de coisas que se fazem lá fora e não só, – habituemo-nos também à ideia de que Gaerea será uma referência cada vez mais omnipresente, cá dentro e lá fora, e também dá por aqui – “Oizys” é uma imposição de respeito. Pode ser o primeiro longa-duração, mas já vem com as questões de maturidade e identidade adiantadas. Canções cuidadas, mesmo que por vezes musicadas de forma mais simples, – e outras escapadelas mais progressivas como as de “Trauma” – um conceito com que nos identifiquemos quando trata questões de saúde mental, e uma viagem por vezes cósmica – com um grito medonho aqui e ali, porque isto também é uma imensa variedade de emoções e sensações. E, com isso tudo, só conseguimos mesmo especular onde conseguirá isto chegar enquanto continuar a crescer.
Fire, Oizys, Black Swan
Gaerea, Watain, Behemoth