Mão Morta

Viva La Muerte!
2025 | Rastilho Records | Rock alternativo, Pós-punk, Experimental

Partilha com os teus amigos

Em Deus, por Deus, com Deus, viva Deus.” Parece que vamos ter uma missa dada pelos Mão Morta e, de certa forma, até é uma espécie de. Mas diferente. Em princípio não é para ajoelhar ao exclamar “Viva la Muerte!” ou com qualquer outra coisa. Até porque não é gesto aqui encorajado, naquele que será o disco mais político da lendária banda minhota.

Mesmo com a possibilidade de, para alguns, chegar num momento um pouco pós-saturação deste tipo de conteúdo, segue a mesma linha de qualquer álbum de Mão Morta, mais ou menos conceptual, com aquelas narrações inimitáveis de Adolfo Luxúria Canibal. Mas com outro cenário. Já não é uma invasão alienígena, não há transformação do homem em planta, o fantasioso ficou no banco de trás para “Viva La Muerte!” e a fantasia daqui é o mundo à nossa volta. Que consegue ser mais aberrado que qualquer conto mais fabuloso e tresloucado. Inevitavelmente acaba por se transpor à parte musical, onde também habitam as extravagâncias apelativas dos Mão Morta, que fazem deles a banda mítica e incontornável que são.

Aí segue um caminho natural, especialmente desde “Pesadelo em Peluche,” com alguma da sua acessibilidade aliada à raiva de “Pelo Meu Relógio São Horas de Matar,” com mais algumas aventuras musicais. O folk acústico de cantautor até pode não ser a linha orientadora que se detecte logo, até porque não deixa de haver brincadeiras com o pós-punk, e até algumas descargas mais enérgicas – a acrescentar mais uma camada de ironia, dado os temas – como a de “Ratoeira Bélica” ou de desconfortável peso como o de “Pensamento Único,” mas é interessante de se considerar para o conceito e tornar tudo mais Mão Morta ainda: um disco de folk de intervenção mutante, experimental e vanguardista. Dada a sua berrante actualidade, e a sensibilidade dos temas, até há um certo desejo de que “Viva La Muerte!” seja um álbum que eventualmente envelheça. E possamos regressar tranquilamente aos contos perturbadores, que ainda venham de outra dimensão que não seja o nosso dia-a-dia, para exclamarmos qualquer coisa como “Viva Mão Morta!” sem que a liberdade, a mesma da faixa aqui dedicada a ela, esteja alguma vez em causa.

Músicas em destaque:

Deus Pátria Autoridade, A Liberdade, Viva la Muerte!

És capaz de gostar também de:

Um surpreendente repertório de música de intervenção


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos