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“Birna” conta a estória da ursa-guardiã com esse mesmo nome, protectora da natureza, que começa a ser afastada do seu habitat por sociedades modernas, entrando num estado de permanente hibernação, incapaz de proteger a Terra dos males que continuam a aparecer, a tomar conta e a destruir a floresta e tudo de belo que há. Trágico. E fantástico. Com uma desconfortável dose de realismo. Só podiam ser os Wardruna a musicar um conceito desses.
É o mesmo campo musical que lhes trouxe fama e notoriedade, e que dominam sem tanta concorrência que se aproxime do seu estilo característico. O tratamento do folk neo-pagão ambiental e ritualista, o folclore nórdico na sua mais pura e naturalista forma. “Birna” segue o mesmo caminho dos cinco discos anteriores, o mesmo estudo enciclopédico de instrumentos tradicionais nórdicos, a mesma experiência ambiental transversal. A casar tão bem com o conceito para que caia sobre nós sem precisarmos de entender a letra, para absorvermos as diferentes emoções, para que nos sejam transmitidas diferentes sensações como o saudosismo, a nostalgia, a esperança, a força e, claro, muita tensão. Especialmente na bem longa “Dvaledraumar.”
Bem mais do que apenas algo a lembrar a banda-sonora ambiente da série “Vikings,” – que é um legítimo e bom ponto de partida e cartão de visita para a banda, mas muito redutor – e que nos leve para o meio da floresta e alimente a vontade de ir para lá mesmo, largando o aparelhinho seleccionado para fazer o streaming do disco. A experiência apoteótica pode mudar a cada audição, umas vezes podemos ser a própria ursa, podemos ser alguém a lutar a seu lado, podemos ser alguém cheio de “mea culpa.” Há canções para todo o tipo de emoções e para nos levar a um tempo de minimalismo tão suficiente. Que também se sente a nível musical. É, por vezes, minimalista, ambiental, com muito drone e repetição. Não deixa de ser enorme. E se calhar também é o disco em que mais se procura a canção, perto do seu formato convencional, tão bem cantado nas duas vozes de Einar Selvik e Lindy-Fay Hella. Belas canções. Que tornam tão aprazível a epifania alarmante: nós é que somos os convidados aqui na Terra e a não saber tratar lá muito bem a sua anfitriã…
Dvaledraumar, Jord til Ljos, Skuggehesten
Ivar Bjørnson & Einar Selvik, Heilung, Gjallarhorn