//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Já passou muito tempo, já está tudo definido. Não há qualquer razão para os Cradle of Filth ainda tentarem agradar quem perderam ou nunca conquistaram. Reclamar de não serem black metal, sem qualquer indício de que alguma vez tivesse sido intenção, já não pode ser razão para detracção. É muito álbum, já está mais do que definido o legado da banda Inglesa e são uns gigantes, tanto do espectro extremo, como da parte da entrada para a gótica aspirante. E uma discografia tremenda, mesmo cheia de altos e baixos, claro. “The Screaming of the Valkyries,” por acaso até apanha uma boa série de altos e junta-se.
Há logo uma coisa que se destaca à primeira olhada que damos, antes de começarmos a ouvir. A ausência de introduções, interlúdios e mais essas coisas todas que são costume, quase tradição. Não há cá leituras do Pai Nosso invertidas nem mulheres a gemer e a gritar. Por muito nuclear que isso fosse nos discos dos Cradle of Filth, e por muito bons que fossem em fazer algumas, também é chouriço muitas vezes, e aqui foi eliminado. Temos, então, em mãos um disco directo e focado. Sem perder a teatralidade que, em falta, já nem pertenceria a esta banda. E a atitude directa também se traduz em cada tema. Procuram o pesado. Deixam os riffs recuperar protagonismo – e um solo à rock clássico em “You Are My Nautilus,” que é coisa à qual podiam recorrer mais. E, para uma banda tão floreada, até se deixam de muitos floreados.
É um conjunto de canções onde cabem algumas das suas mais demolidoras em algum tempo. Recuperam várias fases do passado, até mesmo do “Nymphetamine” e do “Thornography,” o que não é para aqui trazido em tom de alarme. Por aqui defende-se bastante esses discos, uma segunda era de ouro que nem todos reconhecem. E “The Screaming of the Valkyries” não tem medo de se aproximar dos devaneios erótico-vampiresco-vitoriano-satânicos que acabam por caracterizá-los sempre. Destacam-se performances individuais; de Dani Filth que, digam o que quiserem, mas já com os cinquenta anos ultrapassados, não devia guinchar ainda desta maneira, mas consegue. E boas entradas novas de Donny Burbage para a guitarra, talvez a contribuir para que essas engrossem, e de Zoe Marie Federoff, a essencial parte feminina nos teclados e vozes, com destacáveis protagonismos em “Non Omnis Moriar” ou “White Hellebore.” A mais digna sucessora da saudosa Sarah Jezebel Deva. E “The Screaming of the Valkyries” é um muito digno sucessor numa discografia que já podemos dizer que é de tremendo respeito.
White Hellebore, Malignant Perfection, Ex Sanguine Draculae
Dimmu Borgir, Fleshgod Apocalypse, Devilment