Um caso muito peculiar, talvez de estudo, estes Lordi. Apresentaram-se a muitos na Eurovisão, em 2006, conquistaram os Europeus confrontados com algo tão diferente do usual e uma fatia da malta da pesada feliz por ver algo tão metal naquele histórico Festival. Depois passamos para o contexto do rock e do metal, e afinal os Lordi são extremamente Eurovisão enquanto andam lá no meio. Uma linha, uma ponte entre duas coisas que não fazíamos qualquer ideia que podia existir.

Para “Limited Deadition” têm um conceito peculiar, bem à Lordi, à volta do coleccionismo de brinquedos e action figures – e não ouvirão uma balada sentimental sobre estar selado dentro da embalagem como em “Collectable” de mais alguém que não sejam os Lordi – mas o que se aborda mesmo é outra coisa: até onde dá para esticar esta gimmick sem o total esgotamento dela. Há coisas menos boas como aquela brincadeira do “Lordiversity” que os teve a lançar sete (!) álbuns num só ano, e há outras que já aceitamos também pela força do hábito. São uns monstrengos festivos que prestam tributo ao hard rock de outros tempos e ao cinema de terror de décadas mais antigas ainda, sempre com muito humor e uma celebratória e saudável foleirice. Se os levam muito a sério, será problema vosso, os Finlandeses até parecem estar cada vez mais relaxados com isto. Até musicalmente. Quem os aceita como são também já aceitou que andam a soar cada vez mais AOR, e a tendência continua em “Limited Deadition.”

O resultado final não surpreenderá e será o que terão encomendado aos Lordi, já a esta altura do campeonato em que se aceita que ali o alto da Eurovisão não foi só de fama e notoriedade, o “The Arockalypse” é bem capaz de ser o seu pico de qualidade. Na inconfundível voz de Mr. Lordi e no instrumental cada vez mais festivo, há ali uma identidade além da imagem. Fica um disco com ganchos tão obrigatórios quanto os interlúdios, esses bem mais questionáveis e talvez dispensáveis. Mas são os próprios a admitir que “Legends Are Made of Clichés” mesmo que isso seja mais um tributo a referências do que presunção. Ainda bem. “Limited Deadition” é um disco divertido, mesmo com poucas promessas para se tornar muito memorável.