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Inebriada pela synth pop a lembrar os anos 80, rendi-me ao Drive de Nicolas Winding Refn e aguardei com expectativa a sua mais recente longa-metragem: Only God Forgives. Neste filme recentemente estreado, Ryan Gosling é (novamente) uma personagem distante e de poucas falas mas com expressivos picos de agressividade. Conta também com uma prestação morna de Kristin Scott Thomas como mãe de Gosling, vazia de carácter e incapaz de olhar para lá do amor obsessivo que sente pelo primogénito.
Numa viagem pela face suja de Banguecoque, Refn revela-nos a tenebrosa realidade: quando é a sobrevivência que está em causa, a vida humana vale pouco e a dignidade vende-se por qualquer preço. Os negócios ilícitos e a criminalidade dominam a cidade e Gosling faz parte desta teia, juntamente com o irmão mais velho. É com a morte deste que se inicia uma vendeta, independentemente dos motivos do assassino, que a mãe fomenta e alimenta. O alvo é o polícia interpretado pelo actor Vithaya Pansringarm, um justiceiro que luta por uma Banguecoque melhor e que, numa reviravolta, é o único que sai ileso da batalha.
Todo o filme é composto por belíssimas imagens, na perfeita conjugação de cor e elementos. Porém, fica-se pela aparência pela ausência de conteúdo. É um “quase-filme” em que nada é aprofundado, agravado pela permanente utilização de sequências em câmara lenta – numa tentativa falhada de tornar etérea cada cena e cada movimento. A maior falha de Refn, porém, é a personagem de Pansringarm, um polícia com particular gosto por karaoke e que nega a impunidade a todas personagens de Only God Forgives. Nas mãos do génio de Quentin Tarantino, este justiceiro seria memorável.