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Muito trabalham estes anónimos e nem só de teatralidade se enchem. Enquanto continuam a causar muito melindre pelas sociedades “metaleiras” pelo seu galopante sucesso e pela acessibilidade da sua sonoridade, não se parecem importar ou acanhar. Continuam a avançar, a evoluir e a apresentar a sua fórmula de hard rock e heavy metal clássico psicadélico de uns Blue Oyster Cult ou Black Sabbath com o descaramento pop de uns ABBA ou com toda a glória da década de 80. Tudo cada vez mais vincado e, permitam o palavrão, perfeito.
Ainda seria cedo para um novo longa-duração mas a banda de Papa Emeritus III quis deixar um bom aperitivo e, possivelmente, uma despedida deste terceiro Papa antes que o fumo branco nos apresente a quarta encarnação da personagem. Um EP intitulado “Popestar” com um tema original e quatro versões a homenagear e personalizar algumas das suas mais bizarras influências. Uma desculpa para uma nova digressão? Acréscimo de covers como desculpa para não lançar apenas o tema original como single? Que o seja, são muito bons a inventar desculpas, se assim o é.
O tema “Square Hammer” justifica-se sozinho. Ficamos a pensar o bem que ficava no “Meliora” e quantos bons temas ainda conseguia lá ofuscar. Promissor clássico no repertório da banda, ainda é capaz de abrir debate de ser o seu melhor tema ou não. Vício, pelo menos, promete e se os cépticos continuam com dúvidas acerca da forma como conseguiram tornar-se tão grandes: enquanto conseguirem conceber um refrão ainda maior que eles, como aqui é o caso, então não há como os parar.
Seguem-se as quatro versões cuja presença pode levantar a tal questão: estão aqui só para encher? Estão para completar, corrija-se. São quatro temas personalizados que podiam muito bem ter sido escritos e interpretados originalmente pelos Ghost sem que alguma vez fizéssemos ideia. Iniciam com a fácil identificação com a escuridão e a melancolia da década de 80, não se ficando por um nome pequeno ou tímido: Echo & the Bunnymen. “Nocturnal Me” é o tema que vê a sua remodelação mais pesada. A meio fica a mais ambiental, surpreendente e até tenebrosa “I Believe” que deixa as guitarras de lado para criar um interlúdio atmosférico, numa bela suavidade que poderá causar paralelismo com a grande “He Is” do disco anterior. A tal personalização? Parte de um tema de dança, de 2007, dos Simian Mobile Disco. Já com o devido destaque dado a “Square Hammer” como o hino aqui, também se pode considerar o último par de faixas como um dos pontos mais altos. “Missionary Man” dos Eurythmics é um encaixe tão perfeito, com uma adaptação básica ao som mas com suficiente fidelidade à original para causar encanto e tornar esta canção uma favorita. O fecho fica a cargo de “Bible” dos mais obscuros Imperiet. Não foi preciso tomar partido do menor conhecimento desta banda e deste tema para fazer de “Bible” uma música de Ghost. E saiu a sua composição mais épica até então. Justificável favorita de muitos ouvintes do EP.
São só cinco temas, apenas um original e já cumpre tanto. Uma óptima represália de “Meliora” e, adivinha-se, um forte antecessor e aperitivo do próximo disco. Pode ter muita teatralidade, muita gimmick e, tremam, muito sucesso. Mas também têm muita música a unir tudo isso. Continuam a segurar a sua fórmula de hard rock e heavy metal revivalista cheia de psicadelismo, sintetizadores, coros, humor negro e pegajosas melodias. E fazem tudo isso sem ponta de vergonha de também escreverem das melhores canções pop do presente.