//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
A longa de estreia do americano, com ascendência brasileira, António Campos era uma incursão pelos caminhos mais obscuros da escola, mostrando a morte por overdose de duas jovens através do olhar de dois rapazes psicologicamente perturbados. Para além do retrato denso e pesado dos terrenos estudantis e da adolescência, Afterschool era também um filme sobre as convenções, sobre os padrões e a cultura da aparência.
Quatro anos mais tarde, Simon Killer volta a colocar no centro da acção as atribulações psicológicas das personagens. No caso, o foco está em Simon, um americano que, após ter sido aparentemente traído pela namorada, decide viajar até Paris. É aí que encontra uma prostituta que o acolhe e com quem vai estabelecer uma relação pouco tradicional e criar um esquema de chantagem e extorsão de dinheiro a homens casados. A partir daí, começam a surgir pistas sobre um passado mais perverso.
Simon Killer é uma autêntica viagem à cabeça de Simon, expressa pela forma próxima como o filma, pelos flashes de luz ou pelo acompanhamento da música que ele ouve. Aliás, o som é notável, seja nos pequenos e perturbadores apontamentos minimais, no som mais festivo dos LCD Soundsystem ou na electro-pop mais negra. E, depois do Funny Games americano de Haneke, ou de Martha Marcy May Marlene, o filme confirma Brady Corbet como talhado para estes papéis mais misteriosos e sinistros.
Por outro lado, o filme é dissociável da forma antí-climax como aborda e coloca Paris na acção. Longe da luz, do romantismo, do amor e do postal turístico, Simon Killermostra os choques culturais, o lado negro e a vertente mais perigosa da capital francesa ou a degradação humana no Pigalle. Exemplo paradigmático é o plano com a Torre Eiffel em fundo, quebrando o cliché visual e mostrando a existência de duas Paris, estando a mais idílica e mediaticamente conhecida a léguas de distância da que aqui vemos.
Depois de Afterschool, pode ainda não ser com Simon Killer que António Campos chega ao Olimpo cinematográfico e que atinge o nível do camarada Sean Durkin com o belíssimo Martha Marcy May Marlene. Mas não andará longe…