Entrevista


Live Low

Podia preocupar-nos essa herança, mas só nos interessava pintar a coisa à nossa maneira.


Com o primeiro longa-duração recentemente editado e o concerto no Jameson Urban Routes quase à porta, fomos conversar com os Live Low sobre a sua reinterpretação electrónica de um cancioneiro tradicional Português, sem recurso a sampling.

De Ghuna X para Live Low e, no fundo, de um projecto mais teu para outro mais colaborativo. Podes falar-nos um pouco de como foi a transição e o que te levou a esta mudança?

Bem, ao fim de dez anos sozinho em estúdio, exceptuando algumas gravações convidadas e outras produções, penso que acabou por ser uma transição natural. E um dos meus desejos foi também poder estar em palco com outros músicos, partilhar essa responsabilidade e a comunicação que gera. A troca de ideias e impulsos é bastante saudável.

Depois de dois EP’s editaram este mês o primeiro longa-duração “Toada”, que expectativas têm para este disco?

Nenhuma em especial. Importava-nos fazer o disco que fizemos, concretizar as ideias a que nos propusemos.

Sentiram algum tipo de responsabilidade acrescida por estarem a fazer uma reinterpretação electrónica de um cancioneiro tradicional Português?

A ideia não é assim tão vaga. Ao longo da gravação deste disco fomos olhando para uma música popular portuguesa e para uma tradição etnográfica reinterpretada por diversos autores. Podia preocupar-nos essa herança, mas só nos interessava pintar a coisa à nossa maneira, e não suplantar nada nem ninguém em concreto.

Olhando para o histórico e para o trabalho que têm vindo a desenvolver parece-me que este é um passo certeiro e seguro. Mas para chegarem até aqui foram dois anos de muito trabalho, de desenvolver um conceito e de o concretizar. No começo da jornada era aqui que se viam agora?

Seria seguro dizer-te que em termos de volume de trabalho, as sessões de gravação e mistura representam uma percentagem muito baixa do que foi fazer este disco. Passámos muito tempo a pensar sobre os temas e a planificá-los em partitura. A forma que ele ganhou não poderia ser visualizada de início, a maneira como os temas se desenrolaram foi-se construindo…

E em termos de método de trabalho, como é que tudo funcionou?

Se reparares as músicas têm configurações diferentes em termos de lineup. Mas isso não significa que olhemos para elas como colaborações diferentes, em momentos distintos. Íamos percebendo que se não fizesse sentido incluir um de nós no tema, não nos sentiríamos obrigados a fazê-lo.

E, simultaneamente, pelo facto de um tema não incluir um determinado instrumento, não implica que esse músico não estivesse envolvido na construção dele.

Editam este álbum pela Lovers & Lollypops, numa relação que já vem de trás. Que importância tem tido a promotora e editora neste vosso percurso?

Temos relações paralelas com a L&L há muito tempo, por parte de outros projectos musicais. Creio que se trata também de uma aposto segura por parte da editora, porque conhece bem as pessoas envolvidas.

Com a edição do disco, chegam também os concertos de apresentação. No dia 25 deste mês estarão no Musicbox a apresentar “Toada” inseridos no cartaz do Jameson Urban Routes. O que é que o público pode esperar desse espectáculo?

Será um concerto intimista, vamos andar à volta do disco, com adaptações para o formato live e um convidado muito especial, o Shela (LamA).

Depois disso por onde andarão os Live Low? Têm já mais datas planeadas?

Temos estas três datas de apresentação que queríamos muito fazer. Depois disso veremos o que rola.


sobre o autor

Hugo Rodrigues

Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)

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