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“Cheap and Cheerful” não se ouviu, mas o serão com Alison Mosshart e Jamie Hince não foi menos fantástico por isso. Uma casa quase cheia não se conteve na alegria de os ver e ouvir.
Depois de algum atrasado e de o público começar a mostrar sinais de impaciência, a dupla maravilha e os dois músicos que os acompanham em tour ocuparam as suas posições. A abrir o concerto esteve a pulsante “Heart of a Dog” do novíssimo Ash & Ice, editado em Junho último. Já no ouvido de muitos, comprovamos que ao vivo soa tão bem como no disco. A seguinte, “U.R.A. Fever” traz as memórias ao de cima e o público acompanha cada nota da canção, já que celebramos o glorioso Midnight Boom. No final, as palmas sincronizadas fazem-se sentir e Alison Mosshart junta-se ao alarido enquanto olha em volta, fascinada.
“Kissy Kissy” dá uma volta até ao primeiro registo, Keep On Your Mean Side, de 2003, sinal que a banda quer equilibrar o alinhamento e não nos atirar só com o novo trabalho.
Seguem-se “Hard Habit to Break” e “Impossible Tracks”, duas das novas, a primeira não tão rock ‘n roll mas mais dançável e a segunda não tão acelerada mas que nos faz abanar a cabeça. Ash & Ice é um poderoso disco de rock. Muito à semelhança daquilo que os The Kills nos vêm habituando desde há mais de uma década. Ao vivo, a coerência e correlação entre canções é agradável de ouvir.
“Black Balloon” atrai os aplausos e alguns gritos estridentes, não fosse uma das mais conhecidas canções do duo. Com “Doing It To Death”, o novo álbum volta à carga na festa previsível que imaginámos desde que ouvimos esta primeira cartada do disco há uns meses atrás.
É tempo de dar também um saltinho ao penúltimo e bastante aclamado álbum Blood Pressures com a baladesca e adorável “Baby Says” cantada de cor por muitos e a icónica “DNA”, outra impossível de resistir a bater o pé. “Tape Song” recua no tempo, mas assenta na intemporalidade. Vinda de Midnight Bloom, um dos maiores discos da música indie da década passada, todos os que conhecem The Kills conhecem esta canção.
“Echo Home” acalma as hostes e as duas vozes embalam-nos. Ouve-se “Future Starts Slow”, que não passa nada despercebida e é cantada em uníssono. No palco, além de não falhar uma nota, Alison Mosshart hipnotiza-nos com os seus movimentos de como quem encarna a música em si. Ela faz headbang, anda de um lado para o outro, salta, rodopia sobre si mesma e deixa-nos a pensar que estamos perante uma das melhores e mais verosímeis vocalistas de rock da actualidade.
Ainda dentro da adrenalina, vem “Whirling Eye” com um riff e refrão orelhudos e fáceis de acompanhar, num tom que lembra muito Black Rebel Motorcycle Club. Jamie Hince tem a seu cargo um dos momentos da noite, com o seu improviso na guitarra, a abusar na distorção enquanto Alison Mosshart o observa, já sentada no chão do palco. Puro rock ‘n roll a sair daquelas cordas enquanto as luzes frenéticas quase nos abanam.
“Pots and Pans” une perfeitamente as vozes de Mosshart e Hince, num tom mais grave dando lugar a “Monkey 23”, calma mas arrepiante, que puxa pela mestria de Jamie Hince. No final, quando o público bate palmas afincadamente o músico britânico responde com uma rajada eléctrica.
A banda despede-se, mas sabemos que há mais para vir. Após alguns minutos e assobios vários, Alison aparece novamente em cena, com uma guitarra acústica. Toca “That Love”, que inacreditavelmente reacende uma prática quase perdida no tempo, a arte do isqueiro no ar em detrimento de um smartphone. E são várias chamas que se acendem no recinto. Depois desta acalmia, vem a euforia da seguinte, a fresca “Siberian Nights”. Perto do fim, dois clássicos da dupla, “Love Is a Deserter” e “Sour Cherry”, gastam os últimos cartuchos, que valem muito a pena.
A banda sai de palco com a típica vénia em grupo, abismados com tal recepção. Após tantas presenças em festivais, a missão cumpre-se com um concerto à altura de um Coliseu. Entre os movimentos sensuais e diabólicos de Alison Mosshart e as pernas irrequietas de Jamie Hince que se movem sem coordenação, ficou a certeza que The Kills são uma das bandas da década e já o têm vindo a provar desde há muito. Ao vivo são o que se quer, coesos, irrepreensíveis mas ainda assim genuínos e sem máscaras.
A primeira parte esteve a cargo de Georgia_HB, vocalista e baterista que se fez acompanhar por uma teclista e que mistura a electrónica com o rock. Soa a M.I.A. a colaborar com Bloc Party e ainda com um bocadinho de Lorde a espreitar. No curto espaço de tempo de que dispunham conseguiram mostrar um projecto fresco que ao vivo provoca interesse, com especial foco em “Move Systems” e “Kombine”.