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Arrancou oficialmente a 3.ª edição do Porto/Post/Doc. Um festival internacional de cinema tão vibrante e refrescante, que surpreende pela tenra idade. O Teatro Rivoli é a casa-mãe desde o primeiro momento, dividindo-se ainda a programação pelo Passos Manuel e Maus Hábitos. Espero que em 2017 o festival cresça para uma nova sala, para o Cinema Trindade que tem como actual missão de trazer uma sala de cinema de volta à baixa portuense.
Em 2015, o filme de abertura foi sobre a paixão e as lições do Cinema de Hollywood em The Wolfpack, elevando a fasquia e a expectativa para a exibição de Cinema Novo de Erik Rocha, documentário premiado em Cannes
Cinema Novo retrata a corrente cinematográfica homónima, que nasceu em São Paulo na década de 50 e contagiou intelectuais cariocas, afirmando-se pela sua assumida influência das produções europeias e do neo-realismo italiano. O realizador do documentário, Erik Rocha, é filho de um dos grandes nomes do movimento: Glauber Rocha (na imagem). Este e demais figuras relatam em discurso directo as suas motivações para fazer cinema, vemos e ouvimos Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni, Carlos Diegues, Ruy Guerra, entre outros.
Num registo de colagem que viaja por entrevistas e excertos de filmes produzidos, Cinema Novo documenta as duas décadas e etapas que o movimento atravessou. Se numa primeira fase estamos perante produções que pretendem criar uma consciência colectiva, despertar o “homem comum”, dar voz às dificuldades do interior em crise e luta permanente; numa segunda vaga da produção cinematográfica já nos deparamos com exercícios intelectuais desprovidos de tal sentido, mesmo após o golpe militar de 1964, em que a classe média-alta são o foco das lentes e não há politização da arte, como tantos esperariam considerando o manifesto do movimento.
Em bom rigor, não é uma evolução surpreendente: a corrente Cinema Novo nasceu da pretensão paternalista de cineastas burgueses despertarem as classes populares, mas nunca souberam sair do seu conforto – provavelmente conscientes das consequências -, e nem sequer conseguiram cativar o interesse de tais camadas sociais, mas apenas dos seus pares e académicos.
A sessão terminou com um forte aplauso do público à obra do realizador presente, um merecido reconhecimento deste registo tão íntimo que é também uma corajosa lição de História.
O Porto/Post/Doc prossegue até ao dia 4 de Dezembro, aproveitando o fim-de-semana prolongado que se adivinha, com uma programação diversificada que apela a todos e que pode ser conhecida aqui.