Entrevista


Névoa

As coisas estão finalmente a tomar um rumo relevante e significativo para o que queremos que Névoa se torne no futuro


O mais recente fenómeno da música de peso nacional são os Névoa. O projeto de João Freire e Nuno Craveiro tem dois discos no bolso e o mais recente, Re Un, levou-os muito recentemente ao festival holandês Le Guess Who?. No próximo dia 1 apresentam-no finalmente em Lisboa, no aniversário do Musicbox.

Temos de falar, desde logo, do vosso disco Re Un, em que mostram uma tremenda evolução em relação ao registo anterior. Qual foi o momento em que surge esta nova abordagem? Esta evolução é fruto do quê, na vossa opinião?

Os inícios da abordagem que temos agora, no que toca à música que fazemos, deram-se pouco tempo depois de termos lançado o The Absence of Void. Pensamos em criar uma identidade própria para Névoa – algo que não está presente no primeiro disco – identidade essa que passou não só pela nossa própria evolução musical como também pessoal. A ideia base foi integrar o que já sabíamos fazer com um certo estatuto de culto e tipos de ambiente específicos.

O álbum parece ser uma espécie de viagem. É um disco conceptual – existe um conceito a ligar os temas – ou é algo em que não pensam?

O Re Un é um disco conceptual sim, e podes interpretá-lo como uma viagem embora o seja de uma forma mais “circular”, de certa forma. Até agora, os dois álbuns que lançamos são regidos por um conceito específico, por isso é algo a que damos sempre bastante atenção.

O Re Un é editado pela italiana Avantgarde, casa de discos emblemáticos como Brave Murder Day, Death’s Design, Zos Kia Cultus ou The Eerie Cold. Como é fazer parte deste catálogo?

Ser parte de um catálogo de referência como o da Avantgarde é algo de que obviamente nos orgulhamos.

E como nasceu esta ligação?

Sobre a origem desta ligação, depois de termos algumas demos do que viria a ser o Re Un, apresentamos-lhes a ideia e o conceito do disco e eles mostraram-se interessados em trabalhar connosco.

Névoa significa “o João e o Nuno” ou há espaço para mais músicos ou quem sabe até para uma rotatividade de músicos, ao longo do tempo, na composição da vossa música?

Por enquanto, Névoa sou eu e o João. No entanto, não descartamos a possibilidade de isso mudar no futuro. O próximo disco está já a ser composto de uma forma mais pensada entre os quatro, não só por vantagens a nível de composição, mas principalmente porque é criado um ambiente específico dessa forma, que depois é completamente transmitido ao público nos concertos, sendo estes uma grande parte do que fazemos. Respondendo à tua pergunta sobre uma possível rotatividade de músicos, não nos parece que seja algo a acontecer, por estarmos bastante confortáveis com a nossa formação actual.

Vocês acabam de regressar do festival Le Guess Who? em Utrecht. Como surge a vossa participação nesse evento e como correu o concerto? 

O convite para tocarmos no Le Guess Who? surgiu depois do organizador do festival ter ficado mesmo impressionado com o nosso disco. O tempo que lá passamos foi uma experiência inesquecível e o concerto correu bem, apesar das horas tardias a que tocamos.

Já agora que bandas mais vos impressionaram por lá?

Relativamente às bandas que nos impressionaram, Phurpa, Swans e a Jlin foram definitivamente os concertos que mais gostamos, o festival tem um ambiente muito bom devido à diversidade de géneros musicais e à qualidade dos concertos a acontecer a qualquer momento.

E agora vão tocar no aniversário do Musicbox – um dos espaços culturais mais interessantes em Lisboa – já no dia 1 de dezembro. Quais são as vossas expectativas para esse concerto?

Vai ser de certeza um concerto memorável. Além disso, é a primeira vez que tocamos o Re Un em Lisboa e partilhar a noite com Preoccupations – que são bem diferentes de nós musicalmente – é uma honra.

Sentem que as coisas estão a começar a correr bem para vocês? Pensando um bocadinho a longo prazo, que caminho gostariam de trilhar como Névoa? Onde vêem a banda daqui a 10 anos?

Sentimos que as coisas estão finalmente a tomar um rumo relevante e significativo para o que queremos que Névoa se torne no futuro. Um nome ao nível dos tantos outros que temos como referência atualmente, com tudo o que isso implica.


sobre o autor

Carlos Vieira Pinto

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