Homenagem a John Berger em Lisboa

por Edite Queiroz em 8 Janeiro, 2017 © Ulf Andersen

John Berger, um dos maiores escritores e pensadores do nosso tempo, deixou-nos no passado dia 5 de Janeiro. Nascido em 1926, o poeta, romancista, pintor, crítico, ensaísta (sobretudo no campo da arte) e argumentista (trabalhou com Alan Tanner em Jonas que Terá 25 Anos no Ano 2000 e A Salamandra) é uma figura absolutamente decisiva para várias gerações de criadores e espectadores. Embora a sua vasta obra se tenha desdobrado em várias vertentes, seríamos seguramente observadores, espectadores e pessoas diferentes sem a sua seminal série (da BBC) e livro Modos de Ver.  Era presença regular nas short-lists do Booker Prize, que venceu em 1972, com o romance G. Em Portugal, estão traduzidos o ensaio Modos de Ver (Edições 70), um livro sobre Dürer (Taschen), e ainda, E os Nossos Rostos Meu Amor, Fugazes Como Fotografias (Edições Quasi), Aqui nos Encontramos e De A Para X (ambos pela Civilização Editora).

Para celebrar a vida e obra do autor, a Medeia Filmes e a Leopardo Filmes organizam uma soirée em sua homenagem no próximo dia 11 de Janeiro, às 21h30, no cinema Medeia Monumental. A actriz Catarina Wallenstein e o jornalista Luís Caetano lerão textos de John Berger traduzidos para o português. Será ainda exibido um vídeo da sua participação no Lisbon & Estoril Film Festival em 2015 (lhe dedicou um programa especial), onde as suas leituras se cruzam com a interpretação de Piotr Anderzewski ao piano e a leitura de um excerto do seu texto “Lisboa” pelo actor João Grosso.

A fechar, uma feliz coincidência: a exibição, pela primeira vez em Portugal, do filme The Seasons in Quincy: Four Portraits of John Berger, um projecto de Tilda Swinton e do escritor, produtor e realizador Colin MacCabe, rodado nos Alpes Franceses, onde o escritor viveu mais de 40 anos. Vemos Berger, Nella, a sua companheira, Tilda, as conversas, a casa e os objectos, aquela paisagem poderosa (a primeira leitura de Berger em Lisboa foi precisamente a de um poema sobre um bar nessas montanhas), o seu activismo, a sua delicadeza e atenção constantes para com os outros, a natureza, o mundo.


sobre o autor

Edite Queiroz

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