Bloc Party

Four
2012 | Hostess Entertainment | Indie Rock

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A chicotada psicológica após a edição de Intimacy em 2008 era inevitável, devido à fraca qualidade do álbum. Os Bloc Party entraram num hiato indefinido e o rumo de uma das bandas que tem a honra de ter no seu portfolio um dos melhores álbuns indie rock da década anterior (Silent Alarm, 2005) foi posto em causa. Felizmente, tudo não passou de um tempo para cada elemento dar asas a novos projetos (ou será que foi só vontade de Kele Okereke? Ninguém sabe, ninguém saberá!). No final do ano passado, os Bloc Party surpreenderam tudo e todos, colocando no seu site oficial a mensagem “Bloc Party is still Bloc Party” anexada a uma imagem da banda no registo cartoon dos The Simpsons. Um ano passou desde o regresso e Four apresenta-se como primeiro registo após o hiato dos londrinos e, como tal, rodeado de alguma expectativa.

O primeiro álbum após o regresso de um hiato é sempre importante. Define se a banda está de volta para fazer música ou se apenas há a intenção de efectuar algum milking final à marca da banda, como tantas vezes acontece. Felizmente, o caso dos Bloc Party é o primeiro que referi. Em Four nota-se algo que a banda parecia ter perdido com o tempo antes do hiato: motivação. Sente-se em cada segundo do álbum que a banda está motivada em fazer música, e aparenta estar preocupada em soar a Bloc Party, sem as desnecessárias experimentações electrónicas que, pouco a pouco, foram destruindo a identidade dos londrinos.

“So He Begins To Lie” e “3×3” abrem o álbum com distinção e tal como os Bloc Party gostam: pesada, empolgante e sem pedir licença. E já que falamos em música pesada, Four pode não ser o álbum mais pesado da banda no seu conjunto, mas é certamente o que tem as músicas mais pesadas. As influências do projeto Young Legionnaire do qual Gordon Moakes (baixista) fez parte são notórias, não só nessas faixas iniciais, mas também em “Coliseum”, “Kettling” (em homenagem aos Smashing Pumpkins, certamente) e na última “We Are Not Good People”.

Este álbum é também um regresso ao fim-de-semana na cidade, em memória ao segundo registo da banda, com as melodias pop de “Real Talk”, “Day Four” e “V.A.L.I.S” (que refrão viciante!). Mas os maiores destaques do álbum vão para “Team A” (onde os Bloc Party voltam a tocar dance-indie rock da forma certa), para a saborosa “Truth” (quem roubou a guitarra dos The Strokes?) e para a sensibilidade de “The Healing”.

Four é uma importante mostra de vitalidade por parte dos Bloc Party. A banda voltou a encontrar a sua consistência e soube adicionar novos elementos post – hardcore nos momentos certos. Não é, de todo, um álbum brilhante. Mas chega e sobra para ser considerado um bom regresso. De saudar!


sobre o autor

Arte-Factos

A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)

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