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Veremos em que onda acabará o ano. Entrámos a todo o gás e com o acelerador a fundo com grandes actos do thrash metal a lançar grandes discos. E as mais bizarras ofertas que nos chegam para nos refrescar parecem ser brutas descargas de death metal, como aparenta ser durante este Verão recheado de lançamentos dessa categoria. A juntar-se a outros galardoados veteranos, também os Broken Hope trazem “Mutilated and Assimilated” para ver se, depois da reunião de há cinco anos atrás, a coisa tem força para se manter.
Um trajecto muito ingrato, o destes Broken Hope. Já a aproximarem-se das três décadas de carreira, não são tão recordados e elencados ao lado de outros influentes nomes da sua cena, mesmo que os seus dois primeiros discos sejam obras importantes na moldagem do brutal death metal como o conhecemos em bom e também mereçam créditos no que à criatividade e influência tiveram no seu tempo. Pelo meio, um hiato de dez anos e complicações no alinhamento, como o chocante suicídio do vocalista original Joe Ptacek e nova perda do virtuoso baterista original Ryan Stanek já pós-reunião. Hoje, apenas o guitarrista rítmico e coração da banda, Jeremy Wagner, permanece como membro original do grupo.
Já após a reunião, tivemos um muito competente disco em “Omen of Disease”, editado em 2013, que demonstrou que este monstro tinha novamente pernas para andar. Com a chegada de “Mutilated and Assimilated”, espera-se e torce-se para um pouco de reconhecimento merecido. É que a qualidade está lá, felizmente, e até se superaram na hora de confeccionar um álbum relativamente complicado como seria este segundo pós-reunião.
No seu disco mais bem produzido, os Broken Hope não vêm para aqui inventar a roda. Já conhecemos a fórmula deste death metal. Mas ainda é a melhor. Em “Mutilated and Assimilated”, a banda de Chicago concentra-se naquilo que melhor sabe fazer e naquilo que mais enche as medidas de qualquer fã de death metal no seu estado mais bruto e violento. Temas fortes, chamarizes de headbang, numa descarga relativamente curta que não ultrapassa muito a meia hora, para fácil e regular consumo de algo deste género.
Um dos grandes apelos em música desta são bons riffs, além de uns guturais intimidadores, – sai nota máxima para o desempenho de Damian Leski – riffs que se prendam na cabeça, que não pára de abanar enquanto tocam. E, quer Jeremy Wagner tenha pescado inspiração às histórias de terror que sempre lhe deram contos para as suas grotescas canções, ao legado do death metal da velha guarda, incluindo o seu próprio ou ao facto de estar a tocar em guitarras anteriormente pertencentes ao falecido Jeff Hanneman, dos Slayer, outro senhor da distorção das cordas, o guitarrista dos Broken Hope está aqui a descarregar senhores riffs. Brutalidade, virtuosismo e um slamzinho bem posicionado, tudo bem feito para que se dê gosto ouvir esta “barulheira” de início ao fim.
Como já foi mencionado, não se dispensa o recurso ao terror, com a criatura medonha da capa do disco a parecer marcar presença nas canções. Quer na vertente mais séria, de tributo a John Carpenter e ao seu mítico “The Thing”, inspiração para a faixa-título que, com o seu controlo de velocidades e pequenos empréstimos pedidos ao doom metal, forma uma das melhores faixas de todo o bem constituído disco, quer numa mais estranha e apatetada com títulos de fazer torcer a cabeça como “Outback Incest Clan” ou… “Malicious Meatholes” ou “The Necropants”. Tudo faz parte do esqueleto do death metal na sua melhor forma.
Não, não há nada de novo em “Mutilated and Assimilated”. Antes pelo contrário, até é uma óptima representação do velho e uma perfeita demonstração de que esse velho ainda vale a pena hoje em dia e consegue ser superior a muito do moderno. “Mutilated and Assimilated” é um disco uniforme mas muito completo. Nem deve elevar os Broken Hope ao estatuto de outros actos contemporâneos – já não será um pouco tarde para isso? – mas convém lembrar, num balanço de tudo o que tem sido feito por essa malta, que vale a pena recordar os Broken Hope como uns dos fortes do movimento, com um regresso pós-hiato em força e com grandes discos exemplares e mais-que-satisfatórios. Não é, Morbid Angel?