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O concerto de Crystal Castles em Paredes de Coura não foi nada bonito. Podia-se esperar uma noite alegre e jovial, o ambiente era perfeito e a música a melhor. Não digo que a noite não tenha sido assim para muitos, mas a atitude em palco sobretudo de Alice Glass, potencia sem dúvida esse lado esquizofrénico e gótico, de certa forma ausente de beleza que reconhecemos também na música da dupla. O concerto foi demasiado agreste mas nisso muita gente verá encanto.
(III) fará parte desse progressivo mergulho demoníaco que tem sido marca agora mais evidente no percurso da banda. Relembrar temas como Crimewave, Celestica ou, ainda mais, o épico single Not In Love com a participação do senhor Robert Smith, significa hoje olhar, mesmo dentro de toda essa agressão e exagero nas vozes e nos beats, para algo muito mais orgânico.
O novo universo dos Crystal Castles amplifica toda a deformação, procurando ser épico, explorando outras texturas ainda mais experimentais, totalmente densas e nebulosas. Caberá a cada um dos ouvintes encontrar no meio de todo este “monstro” musical, o seu espaço de conforto.
Tal não se afigura fácil à primeira vista. Se há algo que os Crystal Castles nunca foram é uma banda de fácil audição. Não há nem nunca houve aqui sons directos, fáceis nem minimamente orelhudos. O maior desafio de (III) será conseguir ultrapassar essa digestão demorada e apreciar as coisas horríveis que a banda põe a descoberto.
Plague e Wrath of God são a entrada acelerada nesta dimensão e por mais que mantenham do passado a atitude marcante de Alice Glass, tal como a estrutura bem conseguida, nos dois casos a explodir brilhantemente no refrão, toda a produção se mantém a um nível bastante simples. Sendo este o álbum mais estático da banda, nem a loucura desmedida de Insulin ou a dream pop de Child I Will Hurt You a fechar, vão de encontro à postura super versátil do grupo, no fundo, traço essencial do seu passado.
Afunilando as ideias musicais, (III) ou se ama ou se odeia. Até nos ficamos pela primeira hipótese, mas como se costuma dizer, não há amor como o primeiro (álbum).
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)