Devin Townsend Project

Epicloud
2012 | InsideOut Music | Metal

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O mestre do metal progressivo, Devin Townsend, ex-frontman dos hilariantes mas poderosos Strapping Young Lad, vai voltar ao nosso país, no próximo mês de Novembro, com o seu projecto homónimo.

Logo para abertura do álbum, temos uma espécie de intro a soar a épico-engraçado, algo meio a atirar para as operas rock dos Queen. É o mote de partida para “True North”, que pode ser impressão minha mas soa a música de Natal da pesada. Entretanto a faixa vai mudando o rumo, e temos para não variar, a voz potente de Devin, e pouco a pouco, entre um sem número de ritmos diferentes, vamos sentindo o peso que esta ganha. A música de Natal ao ínicio era uma rasteira.

Não sei como encarar “Lucky Animals”, pois sinto o lado humorístico, como quem não leva muito a sério o que está a tocar, e toca para se divertir ao máximo, mas volta e meia, dou de caras com um lado épico, já característico de tudo o que Devin faz. É uma mistura de sons, mas este refrão, em que ouvimos “Animals, animals…”, podia estar inserido na parte mais dantesca de uma ópera ou musical.

“Where We Belong” é a calma. É simplesmente isto, vozes que cantam suavemente, serenas. O mesmo se passa em “Save Our Own”, que não desilude, mas não passa de um Pop Metal que para ser franca, não agarra muito.

Em “Kingdom”, já voltamos aos blast beats e a algum (moderado) peso. Com a tal voz operesca que sobrevoa a brutalidade da bateria ao longo deste disco, e em especial nesta canção, Devin Townsend mostra por que razão é uma das figuras de proa dentro da cena metal. Tanto como songwritter, como intérprete. A voz do senhor dá para tudo: consegue ser o mais limpa possível, consegue elevar-se aos píncaros como se fosse um tenor, consegue ser rasgada, gutural, e por aí fora. You name it, he does it.

“Divine” começa bem, e logo no primeiro verso ao ouvirmos “Loving you is the best thing and the worst thing in my life” sentimos uma conexão com o tema. É claro que evolui como uma balada sentida, entre contradições internas e apenas o acompanhamento de uma guitarra. Uma vez ouvi que qualquer bom álbum, ou qualquer boa banda que se preze, tem que ter uma boa balada. Ora aqui está.

Por esta altura já Anneke Van Giersbergen é um elemento residente em quase todas as canções, e começa muito bem a seguinte, “Grace”. Há uma parte antes dos dois minutos, em que isto se torna numa opera-metal, o que lhe quiserem chamar, e não é possível explicar muito bem a sua grandeza, só se sente a ouvir. E a voz de Anneke que está tão bem enquadrada lá para o meio, e que com toda a sua leveza nos perfura a mente, por entre a muralha de som que se ergueu. Momento (mais) alto do álbum até agora.

“More!”, sim. Mais disto, por favor. Apesar de esta ser mais despreocupada, é tão competente como as outras. É mais catchy, mas isso não lhe tira nem um pedacinho do brilho. Seguidamente, um minuto de “Lessons”, muito importante. Momento acústico e cintilante, para acalmar um bocadinho.

“Hold On” não sobe muito o tom, ou seja, não é balada, mas também não é um momento fulcral e de poder. Digo até que não fazia falta neste disco. Chegando à última, “Angel”, juro que a Anneke, com aquele grito, me parece a Björk. Voltamos a apontamentos de “tempestade” sonora em Epicloud, como eu gosto de lhe chamar. E da tempestade, passa para a bonança, e logo se acalma. No final, somos presenteados com um piano e um conjunto de vozes para rematar este disco.


sobre o autor

Andreia Vieira da Silva

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