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Já lá vão os tempos em que o metal sinfónico com uma cara bonita à frente era o que mais reinava e de onde saíam muitas bandas. No presente, só as principais e as que encabeçavam o género é que sobrevivem e mantêm a relevância. Epica é um dos nomes que se destaca e que ainda se parece safar bem. Por superioridade e por diferença – não eram apenas mais uma banda a cuspir temas pop com guitarras e orquestras, esta banda holandesa procura uma abordagem muito mais progressiva e épica à sua música. E tendo em conta o seu nome, eles não se escondem propriamente em subtileza.
A esta altura e já com mais de uma década de carreira e meia dúzia de discos na bagagem, a banda liderada por Simone Simons pode estar à vontade mas não à vontadinha. O seu anterior “Requiem for the Indifferent”, encostou-se demais ao piloto automático e apresentou um trabalho vago e com pouca alma. Para este “The Quantum Enigma”, os Epica não precisavam de fazer alterações à sua fórmula e alienar fãs, mas recuperar algo do que ficou para trás no mais insípido “Requiem for the Indifferent”.
E a julgar pela energia de alguns dos temas destes discos, é possível que tenham recuperado muita da genica que têm vindo a perder há mais tempo até. Continuam a agarrar-se à faceta sinfónica com toda a força e o foco ainda paira sobre o inigualável talento vocal de Simone Simons – que até é bem explorado e diversificado neste trabalho -, mas aqui há dois factores no qual quiseram recuperar a atenção: trabalho de guitarras e vozes guturais para os duetos “bela e o monstro” que, por muito cliché que seja tanto o termo como o acto, ainda rende.
Mantendo os arranjos sinfónicos tão grandiosos ao nível de banda sonora de uma epopeia, acrescentam alguma fúria aos temas, adicionando-lhes mais conteúdo e mais atitude. O guitarrista rítmico Mark Jansen também já pode acrescentar um pouco mais da sua voz monstruosa para aproximar os Epica dos anos de um “Consign to Oblivion” ou, do pique da sua conquista de público, “The Divine Conspiracy”. Mas é óbvio que ainda não alteraram nada da sua fórmula, têm fãs fiéis a agradar e já têm um nicho específico que lhes é associado, onde parecem estar mais que confortáveis. O trabalho de “The Quantum Enigma” era preencher alguns buracos que “Requiem for the Indifferent” tinha – que por sua vez, podia ter tapado buracos de “Design Your Universe”, mas só criou mais. Até aí parece estar tudo bem e parecem, com isso, ter criado o seu álbum mais entusiasmante dos últimos anos.
Com essa maior concentração em fortalecer o interesse e atenção nas músicas, também parecem ter sucedido melhor na criação de sólidos temas singulares e apesar de ser um bom álbum contínuo, tem temas mais ricos individualmente, evitando a dispersão numa contínua sinfonia metalizada. Canções como “The Second Stone”, “Victims of Contingency”, “Unchain Utopia”, “Chemical Insomnia”, a baladeira “Canvas of Life” ou a tradicional épica de 11 minutos “The Quantum Enigma” dão bons exemplos de respostas à pergunta “A que soam os Epica?” numa procura de recomendação. Era o disco competente que a banda precisava, mas também já não têm mãos para surpreender alguém com a sua fórmula já encontrada e explorada. Para não matar toda a atenção e interesse no trabalho, deviam agora trabalhar com menos regularidade para evitar o cansaço e o sentido de obrigação que compromete qualquer banda que lance discos com assiduidade mas que não os justifique tão bem – e ainda para mais, agora têm uma criança para criar! Em “The Quantum Enigma” têm que chegue para abrandar as coisas numa boa nota.