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São só dois tipos, um de Coimbra outro do Porto, e estão-se nas tintas para scenes e para os vedetismos da capital. Preferem a música, coitados.
“mr. self destruct” é turbilhão; é essa vertigem tão cara aos miúdos de vinte e poucos anos que deambulam pelos corredores de uma qualquer faculdade com os bolsos cheios de tabaco e existencialistas.
Há um quê de punk em mandar cá para fora um disco destes, uma atitude, ‘Vou fazer o que me der na cabecinha e não quero saber se me acham ridículo. Estou-me nas tintas’. De outra forma como se expulsaria um disco que arranca urgente em “não há tempo” e assim se mantém até “scream into your phone”, quando de repente, e sem sequer se dar ao trabalho de disfarçar o terrível sotaque, nos deixa com a adolescente “i want to respect you”, uma canção que longe de convencer pelo artifício lírico é validada pela franqueza de quem revela aflições num tom marcadamente confessional.
Arrancam kafkianos; esboçam um cenário onde é quase um intoxicado Trent Reznor quem inventa o free jazz (ainda se vai ouvir falar do poderio bélico das baquetas de Rafael Trindade), passam pelo hip-hop, por uma espécie de testemunho singersongwriter de água-furtada, pelos meandros da electrónica que interessa e mais o diabo a sete. Ultrapassada toda a vertigem, fecham tão frágeis e confessionais, em “richard, thank you for saving my life”, que já só queremos rejeitar a hipótese autobiográfica.
Assim é fleure: visceral e sujo. Uma viagem ao fim da noite com saída na última estação de metro; um rapaz a fazer-se homem, com todas as suas angústias, falhas e imperfeições.
Ânsias, relativamente normais àqueles que ainda usam a cabeça para reflectir à parte, “mr. self destruct” é também, e acima de tudo, um testemunho de amor pelos sons, pela desconstrução de idiomas, pela possibilidade da música.