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Podem ter sido dias de chuva, sol ou neve, boa ou má disposição, que qualquer regresso a Total Life Forever sempre soou de forma mais do que perfeita. Qualquer rótulo que roçasse o épico, o único ou o inigualável, assentava bem na viagem que tem ainda em Spanish Sahara o mais memorável dos episódios. Foi assim, sem espinhas, que a estrada dos Foals se abriu à sua frente, tendo os britânicos ganho um lugar de camarote no panorama da alternativa actual.
Na impossibilidade de esquecer totalmente onde a banda nos deixou, a chegada de Holy Fire obrigou assim a um limpar de consciência mas também um empurrãozinho para que esta nos convencesse tanto no presente como no passado. Para tal, o grito ensurdecedor de Inhaler – arriscamos a dizer que é, verdadeiramente, o primeiro grito da banda – funcionou como isco perfeito. Mais contida na habitual matemática das guitarras, Inhaler vive da sua assertividade na hora do ataque. De forma mais directa e libertária, os Foals explodem e livram-se de tudo em apenas dois refrões. E, como já dizíamos, limpam-nos a consciência para o resto.
My Number volta a pôr em causa muito daquilo que achávamos ser possível ouvir da banda. Se nunca vimos os Foals rejeitar a pop, temas como Miami dormem nos seus braços, também nunca havíamos visto um tema que se abrisse tão honestamente ao género. My Number pode cair na categoria de “pop pastilha elástica” mas a verdade é que vicia como deve ser. E faz dançar.
O que desde os primeiros momentos de Holy Fire vai ganhando sentido, acaba por se perder ligeiramente de seguida. Bad Habit e Everytime voltam a ser canções mais previsíveis e amigas do passado. Mesmo que não seja justo procurar-se outra Spanish Sahara em Holy Fire, é com Late Night que chegamos a essa aproximação. Da paz de espírito inicial ao barulhinho que vai chegando para depois rebentar: a dose é a mesma e funciona lindamente.
Volta a ser com Providence que sentimos traços de um nova identidade que a banda tentou imprimir. Pela novidade e por tudo o resto, é uma das melhores canções que alguma vez os Foals escreveram, encerrando em si tudo aquilo que a banda sempre fez e agora faz.
Ao contrário de exemplos passados como Bloom dos Beach House ou do próprio Coexist dos XX, que sendo belíssimos álbuns, perdem um pouco da sua aura por se aproximarem tanto do passado, parecendo mais réplicas do que outra coisa qualquer, Holy Fire vai um pouco mais longe, deixa a sua marca e ganha vida por si próprio. Para a chuva, o sol e a neve, a boa ou má disposição, acreditamos que Holy Fire também servirá.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)