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Apesar de várias adversidades, que agora os obrigaram a espaçar um pouco mais as suas edições, os Ides of Gemini têm conseguido manter a assiduidade nos seus lançamentos. Desde as notáveis mudanças de alinhamento, à sua inserção e batalha numa onda de bandas de rock pesado revivalista de voz feminina, lá vão ultrapassando tudo e apresentam aqui o novo “Women”, disco semi-conceptual, com cada uma das faixas referente a uma diferente mulher histórica.
O grupo liderado pela talentosa Sera Timms nunca foi capaz da integrar a primeira divisão da tal onda ou encabeçar o género, parcialmente devido a dois discos competentes mas não muito impressionantes, mas também por não seguirem exactamente as mesmas regras. O que tocam ainda se pode considerar um doom metal à moda antiga, mas injectam-lhe muitas outras influências de heavy metal, rock psicadélico e até mesmo uma forte componente gótica da década de 80, permitindo juntar nomes como Black Sabbath e Siouxsie and the Banshees no mesmo leque de influências mais directas.
Ao terceiro disco procuram reforçar ainda mais essas diferenças. Criam temas à volta dessa fusão de géneros, fusão de décadas e com as melodias vocais de Timms ainda a servir de principal condutor das canções. A identidade continua a ser procurada e já se vai definindo. Nestes onze temas, se há defeito que se possa apontar, é o da pouca variedade. Às primeiras audições ainda muitos temas se fundem entre si, com as suas semelhanças, e uma parte do álbum acaba por se dispersar no ouvido, sem conseguir logo alojar-se lá.
Mas com umas audições mais repetidas, com uma envolvência maior na atmosfera da música – e indo até onde aqueles ares psicadélicos nos quiserem levar – dá para focar naquilo que deverá ser sempre o principal factor da marca Ides of Gemini. Uns bons riffs a remontar a um heavy/doom velho mas intemporal – e como exemplo ouçam-se as pesadotas “Mother Kiev” e “The Rose” que introduzem o disco a dar-nos a noção certa do que virá – e a voz de Sera Timms, o verdadeiro “MVP”. A talentosa cantora, que também dá e deu voz a outros projectos subvalorizados como Black Math Horseman e ZUN, aqui cede os seus deveres de baixista ao novo recruta Adam Murray, para se focar apenas nos deveres vocais e acaba por ser nela que cai toda a atenção.
Para revigorar ainda mais a supremacia feminina em “Women”, além da voz, do título, da capa e de todo o conceito, ainda há uma subtil mas brilhante participação de Emma Ruth Rundle em “She Has a Secret” que, por acaso, até calha ser o melhor tema de todo o disco.
“Women” é um disco agradável, que contém boas canções, umas mais fortes que outras, e que ainda tem algumas arestas por limar e outros factores a melhorar e fortalecer. Mas é uma boa proposta e mostra o trabalho da banda em procurar uma posição mais privilegiada na listagem das bandas deste género, antes de chegar àquelas que começaram a formar-se e a lançar-se ao pontapé. Há muito talento aqui envolvido que merece reconhecimento. “Women” pode ainda não ser o disco definitivo que colocará todos os olhos sobre os Ides of Gemini mas já parece mostrar um bom caminho.