Immolation

Atonement
2017 | Nuclear Blast | Death metal

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O primeiro trimestre de 2017 pareceu ser uma boa altura para alguns dos maiores veteranos de vários géneros editarem grandes álbuns, com toda a pica de quem anda a desfrutar do auge da sua juventude e energia. Não dá para falar de death metal norte-americano sem falar nos Immolation e na sua importância e influência. No seu tempo pegaram no que era pesado e tornaram-no mais pesado, no que era negro e tornaram-no mais negro, no técnico e tornaram-no mais técnico, injectando mais groove onde já havia bastante groove. Agora com “Atonement”, os Immolation parecem manter essa filosofia do “mais”, quando se pensa que já não há grandes barreiras a serem ultrapassadas pelo grupo liderado por Ross Dolan.

Em “Atonement” não estão propriamente preocupados em trazer algo de novo à sua música, nem é algo que alguém esteja propriamente a pedir. Já com as três décadas de existência perto de se concretizar e com este novo disco a completar uma dezena de lançamentos de longa-duração, por esta altura os fãs já sabem o que querem e para o que vêm. E sem nenhuma “ovelha negra” entre esses discos, numa discografia de qualidade consistente, é quase uma garantia de que a descarga que se avizinha é das boas, e “Atonement” não é diferente. Bastam uns segundos da inicial “The Distorting Light” para sabermos que estamos bem entregues. Os primeiros acordes são inconfundíveis e identificam os Immolation de imediato, que têm aqui uma nova remessa de deliciosos riffs graves, atmosféricos, harmoniosos e com o groove certo arrancado pelos seus característicos tremolos. Uma trademark que ainda não se gastou, com tanto bom riff ainda a sair daqui.

Com esses seus riffs típicos a tomar conta e a definir o caminho percorrido pelos 45 minutos deste disco, a tenebrosa voz de Ross Dolan a grunhir blasfémia, a aura doom que sempre criou balanço com o frenesim dos blastbeats a cargo de Steve Shalaty e foco nos temas anti-religião que os definiram ao início, o quarteto Nova-Iorquino tem a sua fórmula já bem definida e ainda conseguem produzir maravilhas sem alterar muito da receita. A longevidade e abundância de música ainda crescente não parece ser qualquer obstáculo, e mesmo que os clássicos intocáveis e influentes tenham ficado lá atrás no seu tempo, não dá para desviar a atenção dos mais recentes. Afinal, o “Majesty and Decay” é de 2010 e é bem capaz de ter dos riffs mais lindos de todo o sempre.

Atonement” é mais um tremendo álbum e um dos seus trabalhos mais sólidos num repertório ainda sem defeitos. Mesmo que talvez se possa favorecer a primeira metade do disco como a mais forte – e aqui destacam-se temas como “When the Jackals Come”, “Fostering the Divide” ou “Destructive Currents” – também não há alguma coisa que se possa retirar à segunda metade – onde se encontra aquele breakdown da “Atonement” e todo o groove da “Epiphany”.

É com uma consistência discográfica destas que os Immolation são dos que menos discórdias causam em discussões. Pode sempre debater-se se banda x é melhor que banda y, de uma forma saudável, mas nem existem assim muitas oposições de que não existirão muitas bandas de death metal melhores que os Immolation. E 2017 não verá facilmente muitos discos de death metal melhores que este.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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