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A passos largos Jake Bugg vai conquistando o espaço musical que criou para si. Algures entre Dylan e os Oasis assentou arraiais e Shangri La é o resultado de quem não podia estar mais confortável.
Com Rick Rubin no leme da produção, o que outrora diríamos de folk vivaz e rapace, assume contornos vincadamente roqueiros. Desde logo, Shangri La demarca-se do seu antecessor pela quantidade de riffs pungentes que servem como directrizes para faixas como “Slumville Sunrise”, “What Doesn’t Kill You” e “Kingpin”. É precisamente nestes temas que Jake Bugg procura a diferença para com o seu álbum de estreia. O estilo próprio de quem tenta encafuar palavras numa métrica que parece demasiado pequena não se perdeu, mas Bugg dá por si a explorar capacidades vocais que, convenhamos, talvez nem tenha. A sua voz é – sejamos simpáticos – no mínimo, um gosto adquirido, cuja fragilidade e honestidade assenta no registo folk de Bugg, mas que num registo rock se ressente pela falta de corpo. Nada que tire pujança aos temas. Talvez nem se fizesse notar não fosse por canções como “Me and You” e “Pine Trees” que tornam evidente onde estão os pontos fortes de Bugg.
Testemunho da honestidade de Jake Bugg enquanto “cantautor” e contador de histórias Shangri La abandona as temáticas bairristas do álbum homónimo e aborda com um misto de candura e subversividade a vida para lá dos limites da cidade, das drogas, do mediatismo e da cultura internauta. Arrisca-se dizer que a longo prazo será a escrita de Bugg que o irá separar do joio e da folk murcha e diletante. Em Shangri La temos o argumento e a tese que o afirma.
Jake Bugg terá agradecimentos a fazer a Dylan e Alex Turner, mas dificilmente terá que esclarecer confusões. Shangri La cimenta-o como um dos talentos mais acutilantes da sua geração. No entanto, a forma e o conteúdo não correspondem ao mesmo nível de qualidade e ao testar as águas do rock Bugg viu-se não raras vezes sem pé.