João Só e Abandonados

João Só e Abandonados
2010 | Valentim de Carvalho | Pop Rock

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Até há pouco tempo João Só e Abandonados era para mim apenas uma banda que sabia existir algures no éter mas à qual nunca havia ligado muito, por defeito desconfio de qualquer recomendação feita pelo Fama Show e torço o nariz quando me parecem sucessos do dia para a noite.

Recentemente recomendaram-me que ouvisse o álbum e como o single A Marte tinha acabado de surgir achei por bem ouvir o que estes rapazes tinham para contar com a promessa de que se gostava de Beatles também iria gostar deste João Só E Abandonados.

Verdade, ao primeiro álbum João Só E Abandonados revela-se uma boa colecção de canções. No entanto há uma vertente menos positiva desta qualidade, uma visão global do álbum revela que embora cada canção valha por si não fazem deste álbum algo melhor, os temas e as sonoridades repetem-se e a meio do álbum ficamos com uma sensação de dejá vu. Anda Daí e Cresce e Desaparece são falso presságios de um álbum que não é tão rock como fazem crer, acaba por ser A Marte o tema que melhor representa a sonoridade Pop ligeira que o álbum transmite e que eclipsa canções como Se Calhar e Canção De Isqueiro que nada acrescentam. Meu Bem acaba por ser o tema mais rock em que a bateria assume o papel preponderante de transportar a melodia. Surge o melhor momento do álbum em Coisas Desse Género, pop agradável e dançável com uma letra que depois de se entranhar nos faz aperceber da sua genialidade. Infelizmente é aquela canção que nos faz passar a frente as restantes para voltarmos a ouvi-la outra vez. Mais Uma Canção de Amor, Alegria Disfarçadas e Amor Em Fúria serão com certeza boas canções mas não há como disfarçar o enfado depois de as ouvirmos de seguida.

A essência do Pop-rock está bem presente, músicas orelhudas, nada de virtuosismos exacerbados, “just good clean fun”. A voz é talvez o elemento mais distinto, raramente alguém não-constipado soa assim e ainda mais raramente alguém constipado consegue cantar assim, mas a verdade é que a voz resulta perfeitamente e é extremamente agradável ao ouvido.

Liricamente está muito bem conseguido no seu uso de trocadilhos e no seu carácter descritivo.

Apesar das influências de Beatles serem mais que óbvias são ecos de músicas como All My Loving, She Loves You, Girl e Love Me Do … Obviamente grandes músicas, mas nunca podia ser só disto que se faria um álbum correndo o risco de o tornar monótono para aqueles que na década de 60 não eram moças histéricas a gritar pelos Fab Four.

Resumindo: João Só e Abandonados agradará a qualquer um que faça questão de ter sempre o seu Ipod /MP3 e que por entre outras canções goste de ouvir boa música Pop em português. Aos fãs de Beatles e do rock ligeiro dos 60, aos que só gostam de singles e a quem o conceito de álbum diz pouco.


sobre o autor

Jorge De Almeida

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