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Com o anúncio do cessar de actividades por parte da Hydra Head Records, já no final deste ano, faz-se a desesperante contagem decrescente das edições agendadas pela independente norte-americana que operou nos últimos 19 anos, até que se atinja o fatídico nulo.
Um dos lançamentos deixados para o adeus do selo foi o segundo disco dos Jodis, onde se encontra o membro fundador da Hydra Head e que é também a face mais visível dos Isis (também em Old Man Gloom, Mamiffer ou House Of Low Culture, só para citar alguns exemplos), aqui acompanhado por James Plotkin (Khanate, entre outros) e Tim Wyskida (Blind Idiot God).
Depois do primeiro disco, Secret House, editado há três anos atrás, surgem agora com Black Curtain e o que se pode, desde já, dizer é que este é um passo em frente para o trio.
Plotkin usa a sua guitarra tal como o fazia nos Khanate, mas desta vez com uma aproximação mais cuidada e mais dada ao pormenor, ao invés de destilar riffs de ódio como nesse projecto. Os drones que repete são melodiosos, circulares e até mais luminosos. Wyskida, responsável pela percussão, sabe exactamente que espaços ocupar, utilizando a bateria como artefacto de intensidade, dando especial ênfase aos pratos e aos timbalões, aplicando-os subtilmente, com a leveza de uma pena ou de forma ensurdecedora nos momentos mais abrasivos.
Ao duo junta-se a voz de Aaron Turner, quase fantasmagórica a pairar sobre a música, conduzindo-nos por entre as texturas das cordas de Plotkin, em mantras depressivos e da mais puríssima beleza ritualista, indutora de catarse.
O disco abre com “BrokenGround”, um tema que caminha do alto dos seus 11 minutos para um final épico, mas numa toada espiritual, de elevação da matéria. O par deste tema em termos de duração é “RedBough”, mas desta vez os Jodis oferecem-nos uma viagem que atravessa caminhos mais antagónicos e, deste modo, passamos por massivos blocos graníticos que se erguem em enormes planícies sonoras. “SilentTemple” é aquilo que os Jodis têm mais próximo de um single, não por ser facilmente identificável com as características dos singles, mas porque é aquele tema que além de ter curta duração, tem todas as características do projecto condensadas e aquele em que provavelmente poderíamos pegar para mostrar o que fazem os Jodis a um amigo nosso menos familiarizado com drone minimalista. “Corridor” é um pequeno e belíssimo interlúdio, que abre a porta a “AwfulFeast” onde se atingem altos níveis de intensidade. O disco termina com “Beggar’sHand” que é o tema mais próximo de SecretHouse, com a sua brutalidade mais típica do que o projecto se propôs a criar nesse primeiro disco e até com sucessões de acordes a trazerem “Ascent” à memória.
Os Jodis assinam aqui um grande disco, que é ainda por cima um dos últimos lançamentos de uma das editoras mais influentes do universo underground mais pesado dos 20 anos desde a sua criação.Isto são motivos mais que suficientes para se dar atenção a um álbum que, com toda a certeza, será um dos mais esquecidos das listas de melhores do ano, de forma absolutamente injusta.