Joe Satriani é um guitarrista que já dispensa qualquer apresentação. Já é visto como o mestre pelos seus fãs mais aficionados que não resistem a um hard rock instrumental com solos que os deliciem. Tudo isto devido ao talento de Joe Satriani e à forma singular como manipula o seu instrumento. Com isto em conta, esses seus fãs, quando aguardam um novo registo, já sabem o que a casa gasta.

Já sabem que com Satriani vêm sempre solos de invejar aos aprendizes e melodias que tornam a guitarra o centro das atenções, mesmo que ele goste de dar bom ênfase à sua banda e à química que partilha com os outros músicos talentosos. Podia encher um disco de exibicionismo numa chuva de notas rápidas e licks para um lado e shreds para o outro, só para dizer que sabe. Mas Satriani procura sempre uma estrutura convencional de canções, melódicas, curtas e acessíveis, que possam ser desfrutadas por fãs de música em geral, sem ser necessariamente de música instrumental centrada em guitarra. O músico gosta de expor a sua banda como uma autêntica banda e por vezes toma a figura de “vocalista” quando é a guitarra que “canta” os temas.

Também já esperam a sua diversidade estilística ali mais subtil por entre o seu género corrente. Satriani gosta sempre de meter uns blues pelo meio, há funk para os temas mais dançáveis, pede ajuda ao prog rock à antiga quando é preciso e quando é para malhar, é para malhar, e apresenta-nos o mais puro do hard rock de bandeja. Isto entre outras mais experiências que o guitarrista vai procurando e onde já encontrou conforto. E já sem mencionar a sua habitual fluência em unir elementos old school com toques e arranjos modernos.

Mas isso é o que já vem no rótulo. Como disse inicialmente, os fãs já sabem o que esperar, e por muito impressionante e louvável que possa ser o seu talento e a forma como trata a sua guitarra que nem uma amante, pode começar a tornar-se previsível. Fãs do instrumentalista e do género louvarão igualmente o seu “guitar hero” e apreciarão com delícia cada segundo das faixas que os embalam. Mas para os restantes, não há muito por onde distinguir nem há aqui alguma razão para começar a ouvir Satriani que não se encontrasse nos outros. É um bom álbum, a sua execução e objectivo foram cumpridos de forma impecável, mas despindo até ao núcleo, acaba só por ser Joe Satriani a fazer mais um álbum de Joe Satriani.

Há sempre algo que se possa destacar. Existe o petardo introdutório que é a faixa-título e que é seguida imediatamente pelo toque mais blues de “Can’t Go Back”. Mais à frente louva-se o contágio melódico de “Shine On American Dreamer”, assim como a irmandade que une as mais funky “Jumpin’ In” e “Jumpin’ Out”. Sobra algum destaque para uma certa melancolia que envolve o número de AOR que é “The Weight of the World”. Mas isto apenas enumerando alguns casos e assim à superfície, com certeza que os mais fanáticos encontram aqui pormenores e detalhes que talvez não sejam detectados pelo ouvido do mais comum mortal.

Há muito fanático de Satriani que pode afirmar, com a sua razão, que isto é um dos álbuns do ano e que até pode ser um registo mais completo que alguns dos seus anteriores. Mas olhando para o álbum no seu todo e na sua forma mais geral, não há muito que eleve este disco em relação a outros. Tudo muito bem feito e o talento do Italo-Americano é inegável e impressionante como sempre. Mas quem não estava convencido pela sua música, não é agora que vai desencolher o nariz. E quem espera algo mais fresco a cada novo registo de Satriani, também não tem grande razão para entusiasmo no apenas competente “Unstoppable Momentum”.

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Christopher Monteiro

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