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É difícil enquadrar os Klepht no espectro musical português. Apesar de contemporâneos à vaga de nova música portuguesa da segunda metade da década passada, se olharmos em retrospectiva parecem não fazer parte dela. Talvez por serem mais “rock fm”, talvez por a elite mais hipster não ter visto com bons olhos um VJ da MTV à frente da banda, provavelmente porque quando o indie ganhava fulgor surge uma banda que nos trás à memória uns 3 doors down e semelhanças ao post-grunge.
Hipocondria, o segundo álbum, temível para alguns um passeio no parque para outros, mostra-nos uns Klepht mais maduros que se afastam do pop-rock do álbum de estreia com a cautela suficiente para não mexer demasiado numa formula ganhadora e alienar os fãs que já conquistaram. Não há neste Hipocondria faixas tão acessíveis quanto “Antes e Depois” ou “Por uma Noite” do álbum de estreia, provavelmente não irá gerar tantos singles, mas no geral é muito mais sólido e o que lhe falta de imediato é compensado em subtilezas e arranjos mais trabalhados. E se realmente parece não ter resultado dum processo fácil tal acaba por resultar a favor da banda que encontra nas dificuldades de um segundo álbum a inspiração necessária para o fazer resultar, até mesmo inspirando-se na falta de inspiração para criar.
Há de facto muito neste álbum que reflecte os vários aspectos menos fáceis de pertencer a uma banda e fazer musica, desde a critica à vida na estrada, até ao processo de composição. A ida para os E.U.A. e estarem afastados do que diariamente os rodeia talvez tenha ajudado a esta visão mais centrada na própria musica, seja como for os Klepht mostram que não podiam estar mais indiferentes ao que outros possam pensar e o que dizem críticas já formadas.
Liricamente no entanto há que fazer alguns reparos, se regra geral o estilo mundano e descomplexado com uma ou outra tentativa a um rasgo mais poético vai resultando existem passagens que claramente nos fazem pensar se naquele momento a inspiração simplesmente se recusou a aparecer. Até numa musica como “Tudo de Novo” a entrega do verso como “duas horas para acabar o que em quatro anos a gente fez” atordoa os sentidos.
No fim de contas Hipocondria é um teste superado, é o amadurecimento de uma banda que progressivamente se afasta da sonoridade pop-rock e se move algures para o meio termo entre os My Morning Jacket de It Still Moves e uns Foo Fighters.
É provável que nunca venham a ser a banda de referência para os melómanos mais intelectuais mas retirem algum consolo de que enquanto o vosso amigo, o pretenso intelectual que todos temos, está em casa a fingir que gosta de Velvet Underground vocês podem estar a cantar a plenos pulmões que se “vos faz mal fariam tudo de novo” num concerto e nem sequer se importarem com o que os outros pensam.