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Ao sétimo álbum, a banda Italiana já está mais que definida no que diz respeito à sua sonoridade. Destacando-se ao longo da década passada como um dos principais actos do metal gótico a atrair atenções para o seu lado, – para além da atenção visual que a Cristina Scabbia puxava e continua a puxar – o grupo estabeleceu-se cada vez mais como uma banda de apelo às massas, moldando o seu som para um rock/metal mais acessível e influenciado por pop, com o seu som característico e sem se preocupar com o carregamento da cruz de serem uma banda polarizadora.
Com um fraco “Shallow Life” a introduzi-los a um som ainda mais comercial em 2009, coube a “Dark Adrenaline” de 2012 redimir esse disco, limando as arestas e corrigindo muitos dos erros, para apresentar um registo muito mais sólido. Parece ter corrido mesmo muito bem, pois com este novo “Broken Crown Halo” a chegar-nos aos ouvidos, dá a impressão de que a banda não quis mexer muito ou nada na fórmula do disco anterior e simplesmente focou-se em escrever melodias viciantes e em compor um sucessor competente de “Dark Adrenaline”.
Ao menos canções fortes para isso teve. E conseguem enumerar-se facilmente as diferentes influências que os Lacuna Coil já vão juntando à sua receita para tornar qualquer tema seu identificável. O som gótico já lá vai, mas os tons ainda estão lá, como em “Hostage to the Light”, faixa que mais se aproxima de “Comalies” ou “Karmacode” e que se destaca como uma das canções mais envolventes nesta tracklist. Quando é para puxar o “peso” e a agressividade, recorrem a uns riffs de nu metal, com temas aqui como “Nothing Stands in My Way”, “Die & Rise” ou “Infection” a servirem de simpático aceno aos Korn – “Die & Rise” até deve ser a melhor música dos Korn não feita pelos Korn. Não têm medo de agarrar o pop com força e “I Forgive (But I Won’t Forget Your Name)” é uma das músicas mais inesquecíveis neste registo e pede radio airplay. E, mesmo que não estivessem numa disposição tão baladeira e até um pouco lamechas desta vez, ainda fecharam o álbum com chave melancólica em “One Cold Day”.
Há coisas boas a apontar na descrição deste disco, mas continuam a ser os Lacuna Coil que fazem torcer muitos narizes. E vai havendo mais que possa amortecer este álbum. A abordagem confortável e familiar de cada faixa pode fazer com que sejam canções fortes singularmente, mas num conjunto, podem sofrer um pouco com as inter-semelhanças; O pouco avanço que teve em relação a “Dark Adrenaline” pode fazê-lo parecer uma sombra do mesmo – apesar de apresentar um ponto ou outro mais forte aqui e ali. E se é para dar um ar de negativismo a este parágrafo também aponto aqui que aquele quasi-rap de Cristina Scabbia em “Victims” e a introdução “auto-túnica” de “Cybersleep” podem requerer algum esforço para o hábito. A juntar a isso, com a concentração das melhores canções na primeira metade, a atenção pode dispersar-se um pouco depois de “I Forgive (But I Won’t Forget Your Name)”.
Mas isto é Lacuna Coil como já vem no rótulo. Os destaques vão para as melodias viciantes que extraem de cada memorável refrão e para aquela que já é a marca da banda há muitos anos – o enérgico dueto de vozes de Andrea Ferro, que aqui até se enerva mais e já experimenta uns berros mais guturais, e Cristina Scabbia, cujas capacidades vocais já dispensam qualquer pormenorização a esta altura. Volta a dar bom resultado e prevê-se que seja bastante frutuoso, tal é o desempenho comercial do grupo.
Pode não ser uma reinvenção da banda Italiana, porque não precisam de tal. Talvez esteja demasiado colado ao “Dark Adrenaline” para se emancipar das comparações e ter vida própria, mas tem os seus pontos fortes. Vai agradar, com certeza, e os fãs da banda têm 47 minutos e meio bem gastos aqui. Contudo, quem nunca foi fã, tem aqui exactamente as mesmas razões para nunca ter gostado. Enfim, é apenas Lacuna Coil a ser aquilo que já deram a conhecer ao mundo. Uma banda apelativa e acessível ao público que ainda sabe rockar quando é preciso.