A Lot Like Birds

Conversation Piece
2011 | Doghouse Records | Post-Hardore

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Em 2009 os A Lot Like Birds lançaram o álbum “Plan B”. O guitarrista/vocalista Michael Franzino juntou um grupo diversificado de músicos na cena musical de Sacramento para o ajudar e o que resultou daí foi um disco difícil de caracterizar ou encostar a um único rótulo musical. Em 2011 a banda regressa com este “Conversation Piece”, desta feita com um conjunto de músicos fixo e consolidado de 6 elementos, sendo que a maior alteração a destacar será porventura a adição de Kurt Travis, ex-vocalista dos Dance Gavin Dance. Isto permitiu aos A Lot Like Birds seguirem por um caminho diferente daquele escolhido há dois anos, em que tudo era muito mais instrumental. Agora, e dando muito mais atenção à voz, a banda conta ainda nos microfones com Cory Lockwood, um dos elementos que se fixou em definitivo nesta formação renovada e que já era responsável pelos gritos ouvidos em “Plan B”.

Musicalmente a banda também se ajustou, e este “Conversation Piece” é um disco muito mais coeso e homogéneo que o seu predecessor. Continua a existir espaço para um experimentalismo mais controlado, o que é bom, mas os A Lot Like Birds começam a definir o seu próprio som enquanto banda e a trilhar alguns caminhos inesperados. Muito mais assente num ménage entre o screamo, o mathcore e o progressivo, este segundo disco coloca a banda num bom lugar para suceder aos The Fall Of Troy e preencher o vazio deixado por eles aquando da sua extinção, “Think Dirty Out Loud”, a segunda faixa do álbum, é um bom exemplo disso.

Mas é quando chegamos a temas como “Truly Random Code”, por exemplo, que sentimos todo o verdadeiro potencial da banda, é uma faixa mais reminiscente do primeiro álbum e é instrumentalmente que os músicos dos A Lot Like Birds conseguem brilhar, há aqui um potencial imenso a explorar e, bem aproveitado, não tenho dúvidas que pode colocar a banda num patamar elevado neste tipo de sonoridades. Em “Vanity’s Fair” há inclusive a inclusão de uma secção de sopros (trompetes e saxofones) que confere um início quase que tropical ao tema e nos remete para aquele carácter experimental de que falei há pouco, e é aqui que reside também a força da banda, na criatividade que impõem aos temas e à forma como os tratam, sem que mais uma vez estejam presos a um qualquer tipo de rótulo como que de uma camisa de forças se tratasse.

Talvez tenham começado por um plano b, e o plano principal e original desta banda sempre fosse mesmo este segundo disco, a verdade é que em ambas as situações o futuro me parece bem assegurado no que aos A Lot Like Birds diz respeito. A direcção que vão tomar a partir daqui não sei, o que sei é que tendo em conta o talento e trabalho apresentado até agora, não me parece que os fãs tenham razões para temer e se sentir decepcionados. Eu certamente não estarei.


sobre o autor

Hugo Rodrigues

Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)

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