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Cinco meses após terem lançado o álbum de covers, Everybody Loves Sausages, voltamos a ser presenteados com outro trabalho de Melvins, mas com um sabor diferente. Em 2013, Tres Cabrones vem assinalar os 30 anos de existência de uma das bandas mais influentes dentro do seu género e não só, bem como o regresso de uma das peças deste grupo, que começou por ser um trio. Mike Dillard é o nome que volta a fazer parte da banda que assim deixa de ser quatro, para ser composta por apenas “tres cabrones” do sludge. O baterista Dale Crover saltou para o baixo, um instrumento que tocava na altura em que fazia parte da banda pré-Nirvana, Fecal Matter, devido à indisponibilidade do baixista original Matt Lukin.
A faixa que abre o álbum, “Dr. Mule”, parece ter dado a oportunidade a Dillard de fazer as honras de criar o primeiro som que ouvimos, com as suas baquetas. Logo ao início conseguimos perceber que a essência de Melvins continua bem patente. O hard-rock misturado com sludge com uns pózinhos de psicadélico na guitarra e a vocalização de Buzz Osborne lembram um pouco Mike Patton em certos momentos.
Com “City Dump” continuamos a sentir o puro sludge/stoner metal que tão bem caracteriza esta banda. A voz zangada de Osborne, a densidade do som, lento e grave são tudo o que poderemos querer de um álbum de Melvins. Isso continua na faixa seguinte, “Amerian Cow”, em que a atenção se concentra na voz rouca e sombria de Osborne, tendo-o como o contador de histórias de arrepiar. O instrumental incide nessa história negra e assustadora e evidencia a guitarra como se se tratasse de uma serpente cativante mas perigosa, que se move lentamente.
Depois disto, decidem quebrar o ambiente, contar uma piada e começar com a parvoeira em “Tie My Pecker to a Tree”, um quase hino country que é só mais uma confirmação que a banda não se vai assumir como madura nunca, ao contrário de muitos dos seus pares. Do 8 passamos para o 80 com “Dogs and Cattle Prods”, que nos devolve ao tom experimental da banda. “Psychodelic Haze” vai ainda mais longe e tem uma introdução a tocar no grunge, que catapulta doses extasiantes de psicadelismo, como o nome indica. A faixa é toda ela uma viagem a uma era dos anos 90 onde misturamos o grunge, o rock experimental, o sludge e a voz soturna de uma personagem bizarra que ecoa pelos cantos. Tudo isto soa a brilhante e a uma das melhores músicas do álbum.
Voltamos a passar do 8 ao 80 e a injecção de grunge é substituída por um cântico muito inspirado em honra da cerveja. Não há muito a dizer realmente, apenas “Beer”.
“I Told I Was Crazy” é uma faixa diferente com uma vocalização que lembra um Marilyn Manson dos anos 90, o que não é mau. A faceta “dark” muito intrínseca a Melvins continua a vir à tona, num registo mais ambiental e heavy. “Stump Farmer” é mais uma descarga do som heavy e grungy, junto com o feedback da guitarra de Buzz Osborne. Uma boa música, mas uns pontinhos abaixo, comparativamente com outras do disco.
As últimas três faixas são o lado punk-rock de Melvins. Sendo que “You’re in the Army Now” é mais um cântico que poderíamos ouvir num pub escocês, as outras duas são mais “sérias” na medida em que são mais para levar em conta e não tidas como uma mera bebedeira passada para música. “Walter’s Lips” é puro punk-rock dos anos 80, o que nos leva aos Melvins dos primórdios, e a última é a continuação dessa mesma onda de energia. “Stick ‘Em Up Bitch” não pára e mostra que Melvins são uma das poucas bandas que conseguem continuar a fazer música por gosto e sem se render a clichés.
Sendo este o décimo nono álbum da banda, esperava-se talvez uma “maturação” de som, agora que são séniores e uma influência para as bandas vindouras. Contudo, o álbum transporta-nos para o imaginário de uma banda nos seus tempos de garagem, o som crú mantém-se, assim como o sentido de humor descontraído de um grupo que não podia estar menos preocupado se fica bem na fotografia ou se a meia-idade chegou até aos seus elementos.