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Woman from Dogtown, é o nome do EP debutante dos Modern Jungleman, banda de Aveiro, que se atira aos blues com mais reverência que iconoclastia. Dos standards musicais à figura omnipresente do diabo o EP revisita alguns dos motivos recorrentes do blues. Houvesse um cão morto e estava o quadro completo.
“The Prophet”, faixa de abertura EP, estabelece uma narrativa arrastada que é transversal a “Shadow Man” e “Bloom”, faixas seguintes que continuam o ritmo lazarento, narcótico e introspectivo que pede a quem ouve que se deixe envolver pela estória. Composições impulsionadas por um baixo que cede espaço à distorção das guitarras nos refrães e solos de guitarra chorosa para pontuar o libertar de tensão; não tem nada que saber para quem sabe o que quer do rock.
“Woman from Dogtown” muda as regras do jogo e transforma uma progressão típica num portento rock com refrães esfuziantes. E se a faixa seguinte lhe rouba o estatuto de melhor momento, ninguém lhe tira o melhor solo.
“This is not the World that I’ve made” fecha o EP e é de longe a incursão mais interessante. A matriz está lá, mas porque quebra o molde coloca-se uns furos acima das canções que lhe precedem. É mais pesada, mais ritmada e todos os instrumentos têm o seu próprio espaço para respirar, ainda que guitarra e bateria se assumam como timoneiras que levam este Woman from Dogtown a bom porto.
Liricamente o cenário ao longo do EP é lúgubre e lascivo o suficiente para acharmos que há aqui uma reapropriação de uma linguagem “bukowskiana”, mas o lirismo excessivo faz nos ter algumas reticências. Entre o poético e o pretensioso há uma linha tão ténue quanto esbatida e os Modern Jungleman andam vacilantemente sobre ela.
À primeira amostragem os Modern Jungleman ficam muito perto de nos convencerem. A segunda metade de Woman from Dogtown soa-nos mais interessante que a primeira que nos parece apostar num linha musical saturada. Todavia, para quem não faça do blues um vício pode ter aqui uma boa iniciação à melhor das drogas.