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É tarefa difícil equacionar o novo álbum de Mono, For My Parents, sem dissociar do seu brilhante antecessor, Hymn to the Immortal Wind, que pôs a fasquia demasiado alta para qualquer lançamento que se pudesse seguir. No entanto, este caso obriga a deixar o passado para trás e encarar o novo disco de mente vazia, sem ideias pré-concebidas, porque estamos prestes a assistir a algo diferente.
Talvez ainda seja cedo para decidir se este é um dos álbuns do ano ou não, mas está muito bem encaminhado para isso. À primeira audição é óbvio perceber que há aqui algo de muito especial. Talvez a obscuridade e a perturbação que anteriores lançamentos causavam ficaram de parte, mas aqui há um adjectivo que se levanta mais alto. For My Parents é um álbum bonito. Tão bonito, tão límpido, tão claro que chega a ser comovente. Veja-se o caso da perfeição que os 12 minutos que compõem a faixa Nostalgia atinge (que apontaria como a grande bandeira deste disco). A faixa brilha, brilha cheia de esperança e de uma luz tão inocente que nos atinge tão directamente, que o coração começa a bater mais depressa.
Correndo o risco de cair num dos maiores clichés do post-rock, mas que faz particularmente sentido neste caso, For My Parents é, sublinhando o ponto que já tinha exposto anteriormente, um disco para ouvir de mente vazia. É pôr a tocar, fechar os olhos e saborear cada momento, alguns deles quase cinematográficos (veja-se o óbvio caso de Legend, cujo videoclip é uma belíssima selecção visual de paisagens islandesas). Mas talvez desta forma surje também um dos maiores problemas do disco, quando começam a surgir dificuldades em distinguir as diversas faixas por, em certas alturas, soarem perigosamente semelhantes entre si.
Poderá ser fácil perceber que For My Parents não será consensual. Faltam mais clímaxes; falta mais peso; falta mais aquele bom desconforto que o bom post-rock nos dá e que os Mono se tornaram peritos em dar. Por isso, o conselho aqui será deixar todas as ideias pré-concebidas e expectativas para trás porque estamos perante algo que merece ser ouvido por si só, porque quem o conseguir fazer deverá sentir-se, no mínimo, sensibilizado com tamanha beleza. Mas a cruel verdade é que estamos perante um bom álbum que corre o risco de passar despercebido tendo em conta o trabalho passado dos japoneses.