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Vol. 4 Make Friends and Enemies é o segundo longa duração dos More Than A Thousand, colectivo de Setúbal que carrega consigo a devoção do underground e o peso de ser umas das melhores ( a melhor?) bandas de metalcore que Portugal deu ao mundo. Mas se é no underground que está o núcleo duro de fãs da banda este Vol.4 Make Friends and Enemies aponta já para um público mais vasto.
Ora, poder-se-ia colocar-se a questão de que uma sonoridade que pisca o olho a uma maior audiência comprometeria a qualidade de composição da banda e desiludiria alguns fãs. A verdade é que não, os More Than A Thousand estão iguais a eles mesmos – melhores! – e o álbum está repleto de ritmos cavalgantes capazes de nos apanhar de surpresa e deitar abaixo aliados a refrães melódicos e orelhudos que vão ficar connosco muito depois de os ouvirmos.
O primeiro single é também a faixa que dá inicio as hostes, It’s Alive ( How I Made A Monster).
No Bad Blood é um grito de união, tema aliás recorrente ao longo do álbum, um grito de quem não se resigna para que o mundo, ou talvez alguém em particular, os oiça e reconheça o que alcançaram. We Wrote This For You complementa a mensagem, pões as amarguras do passado de lado e foca-se naqueles que os acompanham desde sempre e é um confesso tributo aos que os ajudaram a alcançar o estatuto que têm. Um tremendo “crowd pleaser” que os atira para sonoridades mais épicas, capaz de comover aqueles fãs de sempre.
First Bite é o primeiro grande momento do álbum, transmite uma atmosfera sombria e os riffs , a par com It’s Alive…, são os mais bem conseguidos, mas o que verdadeiramente a consegue destacar é a versatilidade vocal do Vasco Ramos que consegue consolidar os versos aguerridos para o refrão mais melódico e cativante.
Na mesma onda temos ainda Make Friends And Enemies, faixa homónima, I Will Always Let You Down e a faixa que encerra o álbum A Sharp Tongue Can Cut Your Throat. Ritmos alucinantes e uma bateria em modo arma semi-automática e riffs furiosos e prestações de uma banda cujo som nunca soou tão coeso. A prova de que não precisam de inventar muito para fazer grandes músicas. Um parênteses para A Sharp Tongue… que reserva uma surpresa em tons épicos lá mais para o fim.
Num outro registo temos Nothing But Mistakes que põe em “hold” a agressividade musical e opta por uma abordagem mais melódica, tal como Roadsick , escolha óbvia para segundo single, que nos envolve numa atmosfera mais intimista e nostálgica. É decididamente a música com maiores potencialidades de apresentar os More Than A Thousand a um novo público a par de Teenage Wastelands que soa mais a emo-core que qualquer outra e de certeza agradará a um publico mais jovem.
Do conjunto de canções falta ainda mencionar Blackhearts (Our Love Must Die Tonight) que, vou arriscar dizer, é o melhor momento do álbum. Plena de riffs metal e um ritmo impiedoso a que alia o mais memorável dos refrães e um breakdown que nos prepara para uma apoteose contagiante. É impossível ouvir Blackhearts… e não querer cantá-la a plenos pulmões.
Em resumo é um álbum que tecnicamente está exemplarmente executado e não há como lhes apontar o dedo neste aspecto. O som está, por comparação a trabalhos anteriores, manifestamente mais polido. Haverá certamente pontos de discórdia se isto é ou não algo de bom, na modesta opinião deste que vos escreve o aspecto épico que em algumas das canções se pretende nunca teria resultado tão bem se assim não fosse e, provavelmente, não nos sentiríamos tão empolgados e entusiasmados.
Liricamente cumpre o seu papel, se é verdade que não é particularmente desafiante também há que ressalvar a entrega e dedicação com que a mensagem nos chega. Quem canta assim, com o coração nas mãos, não precisa – e aliás, dispensam-se – grandes artifícios líricos e o que verdadeiramente importa é a honestidade e o sentimento por detrás das palavras. É este um dos grandes pontos fortes do álbum: nada soa falso, nada soa a uma mera tentativa de ter airplay, e este tipo de genuinidade é rara nos tempos que correm quando os artistas têm mais maquilhagem que talento.
A pergunta que Vol. 4 Make Friends And Enemies deixa no ar é a seguinte: Agora que encontraram o equilibro entre as sonoridades mais “radio friendly” e as raízes do metalcore como irão os More Than A Thousand continuar a fazer álbuns que nos dêem algo de novo sem que façam pender a balança para um dos lados?
O tempo o dirá, certo e sabido é que para já ao segundo álbum os More Than a Thousand são, pelas nossas contas, mais de dez milhões e quando entram em palco levam-nos ,a todos quantos se revêem na sua música, com eles.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)