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Por vezes é bom recorrermos um pouco à redundância para reforçar e comprovar um ponto. Neste caso, o de ser mesmo uma boa e feliz altura para se ser fã de thrash metal, como já por aqui foi dito. Mas definitivamente, melhor ainda é vermos as bandas veteranas que ainda têm a mesma energia juvenil na sua sonoridade que tinham há três décadas atrás e que nunca lhe perderam o jeito, como os Kreator ou os renegados dos “Big Four”, Overkill.
No caso destes últimos, algo houvesse para lhes apontar, talvez fosse um pouco de cansaço. Como um grupo que sempre teve a sua sonoridade fixa e manteve o mínimo de fidelidade, com já dezoito discos e com pouco a faltar para as quatro décadas de carreira, não é de estranhar que existam alguns registos mais medianos pelo meio. Ainda hoje podiam ser assim mas foi à entrada desta actual década, ali com o surpreendente “Ironbound”, que os Overkill fizeram a “renovação” mais simples que podiam ter feito. Não mexendo em nada, injectaram simplesmente uma tremenda dose de energia que tornou a máquina – a “Mean, Green, Killing Machine”, que seja – mais acelerada e afinada como há muito não se via.
Com “The Grinding Wheel”, voltam a justificar a sua presença assídua, quer seja em disco, quer em palcos por todo o mundo. A idade ainda não lhes colocou qualquer travão e isto só parece estar cada vez mais violento. Ironicamente, até nem deixa de ser um disco a olhar muito para trás, num bom sentido. Não que eles queiram recuperar a juvenilidade dos tempos em que recriavam a “Fuck You” dos Subhumans e a tornavam um hino mais seu que de qualquer outro que tocasse o tema, incluindo os originais criadores, mesmo que ainda tenham muita estima por esse tema e o mantenham indispensável nos seus explosivos concertos. É mais em jeito de tributo a esses tempos, tributo a si mesmos, ao que o thrash era quando se iniciou e quando deu os seus primeiros passos com ajuda aqui dos Overkill. É uma celebração da chegada e inserção do punk ao heavy metal, com mais punk aqui por estes velozes temas do que em muito do punk actual. É também uma celebração ao próprio heavy metal na sua forma mais tradicional, como deixa transparecer “The Long Road” ou uma bem Sabbathesca “Come Heavy”.
Este disco acaba por ser um manual de instruções de como fazer thrash mais épico sem perder uma pinga de agressividade como em “Mean, Green, Killing Machine” e “The Grinding Wheel”, que abrem e fecham as hostes respectivamente, mas também hinos fortes e memoráveis, de cantar a pulmão cheio, como “Shine On” ou “Goddamn Trouble” – e será assim tão ousado destacar este tema como o melhor de todo o álbum?
A verdade é que estamos em 2017 e este conjunto de New Jersey entrega-nos mais um grande disco, num conjunto de temas berrado pela aguda e inconfundível voz de Bobby “Blitz” Ellsworth, na qual se torna muito difícil encontrar quase 60 anos de idade. E isso é uma das grandes características actuais dos Overkill actualmente, a dificuldade em encontrar a idade a pesar-lhes, tanto em disco como ao vivo. E é algo que se torna ainda mais curioso quando isso já se notou antes.
No fundo, acaba por ser uma boa lição de que é possível rejuvenescer, principalmente quando se sabe o que se está a fazer, e revitalizar uma carreira já longa, tudo condensado na prova que é “The Grinding Wheel”.