Redemptus

We All Die the Same
2015 | Raging Planet | Metal, Rock

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Lá porque este grupo, que tem vindo a captar uma recente atenção do público, ainda tem um curto percurso, os seus integrantes são tudo menos novatos. P.R. cospe a sua raiva vocal nos Besta e já anteriormente o fez nos EAK, M.S. já sabia como orientar umas guitarras e umas melodias nos Wild Tiger Affair e M.M. não é nenhum estranho a ambientes negros e pesadões, com experiência já obtida nos Juseph. É uma junção de talentos e géneros que soa apelativa no papel. E, celebremos, soa ainda melhor na sua tão ruidosa e tão bela execução.

É no meio das camadas de riffs, ambientes escuros, samples, berros desesperados e mensagens de cariz crítico-social que se encontra imediatamente uma personalidade nos Redemptus e uma difícil tarefa de rotulação. Se a base é o sludge – isto de brincar ao sludge misturado com outras coisas já vem dos tempos dos EAK – e todas as lições da escola NeurIsis estão em dia, há muito mais por onde pegar para caracterizar a sonoridade que nos agarra e arrasta para a escuridão da qual não nos apetece sair ao longo destes rápidos 31 minutos.

Mesmo reinando o peso e a distorção, com uns senhores riffs a servir de guia para as canções – sem precisar de ir tão longe, fica-se rapidamente convencido logo pelo potente riff de “Cobblestone” -, não se nega um lado melódico. A pairar sobre tudo isto está uma veia dark ambient que se transmite através de sinistros interlúdios que marcam bem a sua assídua presença ao longo de todo o disco complementando os próprios temas. E mesmo com uma abordagem imediata das suas malhas, não temem as complexidades e não apresentam qualquer problema em abraçar um lado mais teatral, adoptando um cariz cénico na sua performance. E nem só de trevas vive isto quando carrega sempre uma forte mensagem e um olhar atento a lacunas sociais. “Society makes us believe we need to live with an 18 year old body all our lives/But I live just fine with who I am”, repetido ao longo da introdução de “Busted, Disgusted and Not to Be Trusted” – um dos pontos mais altos neste álbum que nem chega a ter qualquer ponto baixo – que serve aqui de exemplo.

É com um curto disco de estreia como este We All Die the Same – que até é daqueles que deixa a salivar por mais, sem se mostrar incompleto – que os Redemptus se apresentam ao mundo, o que nos indica que as ambições não andam por baixo. Sem apalpar terreno, sem procuras sonoras de experiência, com pouco aviso prévio além de umas monstruosas performances ao vivo, apresentam logo um disco denso, pesado, rico, inteligente e com uns malhões dos que fazem bem à saúde. E ainda acima disso, apresenta logo uma identidade própria, um som singular e uma distinção de qualquer outro acto, até mesmo dos grupos a que os membros pertenciam anteriormente. E isto em pouco tempo! A continuarem assim não há justificação para que os Redemptus permaneçam apenas como algum segredo no nosso underground.


sobre o autor

Christopher Monteiro

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