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Com várias bandas da influente onda de Doom metal Americana a pôr fim na carreira ou a deixar membros sair, alguns podem pensar que é o fim de um capítulo. Em vez disso, apenas “mudam de casa”, juntam-se num supergrupo e surpreendem-nos com este projecto, Serpentine Path, que com os seus experientes músicos asseguram-nos pelo menos uma coisa: credibilidade.
A primeira missão destes integrantes de gigantes nomes como Unearthly Trance, Electric Wizard ou Ramesses foi a de se afastar um pouco do som que faziam anteriormente. As influências ainda lá estão, mas o som deste auto-intitulado disco de estreia é muito mais despido e agarrado ao básico do Doom metal com traços de Death. Os experimentalismos mais psicadélicos que constavam assiduamente em destaque nos registos das outras bandas, aqui apresentam-se da forma mais subtil e, o produto final, é mais direccionado àqueles que preferirem algo mais simplificado e cru.
O vocalista Ryan Lipynsky, que já utilizou vários registos vocais diferentes anteriormente, aqui apresenta um gutural bem profundo e obscuro, contribuindo para a costela Death do disco. Foi a melhor escolha e é o registo que melhor se adequa. Uma das estrelas principais acaba por ser o galardoado guitarrista Tim Bagshaw, que comanda as canções com os seus riffs monumentais e tenebrosos. É ele que carrega a responsabilidade de nos captar a atenção de imediato com um riff brutal e cativante que nos prenda. No seu geral, todos os músicos fazem um excelente trabalho em criar música que, mesmo sendo mais simples e menos inovadora, sucedem em apresentar um trabalho completo que tanto tem de pesado como de atmosférico, bem recheado de temas que nos puxam para o meio de uma escuridão da qual estranhamente não queremos sair.
Mas só porque a banda tem a sua raiz sonora bem definida, não significa que sejam assim tão uniformes. Ainda fazem muito com o pouco que abordam, é como se estivessem num espaço apertado mas o percorressem todo muito bem, canto a canto. Mesmo entre os temas mais semelhantes encontram-se pólos, como por exemplo, a breve “Aphelion” e o seu riff mais rítmico e acelerado, que parece acenar mais para os lados de Stoner ou Sludge, enquanto a minimalista “Beyond the Dawn of Time” recorre ao mais lento e arrastado para se encostar mais ao Drone. Com algumas audições repetidas detectam-se cada vez mais diferenças para tornar o álbum ainda melhor que o que já era à sua primeira audição.
Toda esta conversa de “simples”, “básico” ou “uniforme” acaba por parecer um pouco da treta, porque parecem existir sempre conotações negativas a essas palavras no contexto musical. Mas neste caso é impossível considerar-se tal quando nos deparamos com um registo tão bem sucedido, tão bem feito. É o projecto mais pesado que qualquer um dos membros da banda já fez e é feito na sua perfeição, para agradar a fãs deste género – sejam mais ou menos ávidos – e também para conquistar uns quantos mais. Também com músicos veteranos e talentosos deste calibre, só fariam algo realmente mau se assim o quisessem, portanto, este estreante “Serpentine Path” não só é um grande regalo vindo directamente das trevas, como tem tudo no sítio para apresentar um sucessor ainda mais brutal e monstruoso.