Sexy and Color

Start/Stop
2014 | Edição Autor | Rock

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Três anos separam Sound is The Only Dream, o “mais do que promissor” EP de estreia dos Sexy And Color, e o debutante LP Start/Stop. As fundações da arquitectura melódica do grupo que se divide entre Castelo de Paiva e Cinfães faziam antever um processo relativamente tranquilo quando chegasse o momento para um trabalho mais longo. Só um grande descalabro explicaria como é que uma banda que acertou tanto com o que fez no EP falhasse redondamente no seu primeiro longa duração. E felizmente não aconteceu. Start/Stop é tudo o que estava bem em Sound is The Only Dream, mas com músicas melhores. Uma explicação tão simples que é estranho não ser sempre assim.

A tapeçaria musical faz-se do mesmo tecido que já haviam empregado. Há aqui matéria para agradar aos fãs de U2, de Placebo e até de Muse, circa 2003. Ouça-se “Mission” para um paradigma de todas estas influências. No entanto, é a abordagem parcimoniosa às composições em torno de uma parede de som que se revela o maior trunfo de Start/Stop. Há uma pequena diferença que distingue um som cheio de um som saturado e o álbum joga com isso. “Freedom” e “Run” são os dois maiores destaques do álbum porque os momentos em que o silêncio respira criam a devida expectativa e expiação para quando a melodia ganha ímpeto.

A electrónica volta a jogar lado a lado com a faceta roqueira dos Sexy And Color que não se limitam a justapor camadas sobre camadas de melodias. Não sentimos que “Lost”, ou até mesmo “Fire”, estejam a servir um exercício de género. Não se atira o roque para o meio do furor por questões de prefixação num qualquer género de roque-electrónico e os S&C sabem disso. (Numa nota não relacionada, podemos concordar em S&C como sigla oficial em vez de SAC?) Cite-se ainda “Life in 3_25” que merece os mesmos elogios, mas tem direito a uma menção particularizada por revolver em torno da melhor linha de baixo que os U2 nunca fizeram.

“Star” é o momento “Starlight” deste trabalho. Serve o mesmo propósito que o êxito dos Muse serviu e, se tudo correr bem, há de ser single/engodo para o resto de Start/Stop. Sem demérito nenhum para a canção que consegue andar na linha ténue entre um tema orelhudo ou qualquer coisa que os Coldplay mandaram cá para fora, sem tombar para o lado errado.

Admitidamente, fica esta crítica prejudicada pela competência da banda em ter percebido os pontos fortes do seu trabalho anterior. “Igual mas melhor” seria uma observação justa e compreensiva, mas o autor tem que justificar a posição que ocupa.

Portanto, picuínhices a apontar:

Os S&C são melhores quando lidam com temas de angústia e solidão adolescente e não estão a apelar a uma militância vaga. No caso, ocorre-nos “Mission”e “Mask”. É uma questão lírica só até certo ponto. Palavras de ordem cansadas não fazem os melhores dos refrães. E já que falamos de “Mission”; o que se passa nos coros? Parecem cantados por alguém demasiado cônscio de si que preferiria estar em qualquer lado menos ali.

Start/Stop apresenta-se como um passo confiante no caminho certo. O único perigo para os Sexy and Color é poderem estagnar num planalto de qualidade. E por “perigo” quero dizer “luxo”. Porque ao primeiro álbum é fácil pensar em desafios mais chatos para enfrentar.


sobre o autor

Jorge De Almeida

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