Sonic Reverends

A Bone To Pick With You
2011 | Experimentáculo Records | Garage Rock

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A natureza humana é uma coisa engraçada, a auto-preservação e o senso comum ensina-nos a afastarmo-nos do perigo sempre que possível e, no entanto, muitas das vezes o que é que fazemos? Corremos para ele, sem pensarmos nas consequências. É por isso que ao colocarmos o segundo disco destes Sonic Reverends e ao ouvirmos o grito de horror que dá inicio ao primeiro tema, “Have some mercy”, em vez de corrermos em sentido contrário ficamos imediatamente presos aquela linha de guitarra, em que quando nos apercebemos, também já não há forma de lhe escapar. É aquele ritmo contagiante e infeccioso de que tanto se costuma falar e que resulta de uma forma excelente aqui, sendo que ao chegarmos ao final de álbum, é garantido que isso voltará para nos preencher a mente e obrigar-nos a cantarolar apenas aquele som.

Ainda por cima, ironicamente, ou não, o nome da segunda música descreve exactamente aquilo que nos aconteceu, “Trap” indica-nos que estamos presos numa armadilha, uma armadilha boa e metafórica, o que a torna em uma daquelas nas quais nunca nos importaríamos de cair, fossem todas assim…

Adiante, de uma forma mais geral, este disco pega naquilo que podemos ouvir no primeiro trabalho da banda e dá-lhe a devida continuidade, sempre baseado no garage rock, talvez este “A Bone To Pick With You” seja mais animado, mais mexido e mais dado a um movimento de anca voluntário, ou involuntário, mas sempre presente. E isso é, aliás, advertido pelos próprios Sonic Reverends, que fizeram questão de incluir com o cd, seja na versão física ou na versão digital, um booklet em forma de panfleto, com as contra-indicações de se consumir este conjunto de canções.

É pena que mais uma vez, tal como já acontecia com a aposta anterior, “Remember the Alamo!”, este disco ronde apenas os 15 minutos de duração, algo que é mais ou menos resolvido com a vontade que se ganha de apertar o repeat cada vez que esse tempo termina, quando isso não acontecer será apenas pelo frenesim causado pelo último tema do disco, “You Can’t Sit Down”, que nos deixa inquietos e sem condições para tal. Sendo uma versão original dos The Dovells, e repescada ao ano de 1963, a música é transportada para a actualidade e fecha com muito sentido este disco, dizendo-nos exactamente aquilo que não conseguimos fazer ao ouvi-lo, por isso talvez seja uma boa altura de carregar este disco para um qualquer leitor de música móvel, metermos os fones nos ouvidos, calçarmos uns dancing shoes e irmos todos combater o aborrecimento ao som de um garage rock à maneira. Fica a sugestão.


sobre o autor

Hugo Rodrigues

Multi-tasker no Arte-Factos. Ex-Director de Informação no Offbeatz e Ex-Spammer na Nervos. Disse coisas e passou música no programa Contrabando da Rádio Zero. (Ver mais artigos)

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