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Em meados de Fevereiro passado Steven Wilson, o mentor dos Porcupine Tree, lançou o seu mais recente trabalho, Hand. Cannot. Erase, rodeando-se de excelentes músicos como Guthie Govan, Marco Minnemann, Adam Holzman ou Nick Beggs. Os nomes já são, por si só, um excelente indício.
O álbum funciona quase como uma dissertação sobre uma qualquer vida familiar, com todas as banalidades comuns, todos os momentos bons e maus, arrependimentos e frustrações. O título é simplesmente a constatação da regra fundamental para essa vida funcionar e a música que o intitula vai mesmo mais longe e diz que uma mão nunca será ferramenta para aumentar o amor.
Em tom de metáfora a introdução dá pelo nome de “First Regret”, seguida de uma longa música em que o sujeito tem noção do passar do tempo, “3 Years Older”.
Podemos identificar várias sequências das fases da vida, sublinhe-se em especial “Routine”, “Home Invasion”, “Regret #9” e “Transience”. A primeira, tal como o nome indica, fala sobre a rotina em que tendemos a cair e que leva a que todos os nossos passos, todas as nossas acções se tornem mecânicas e não sentidas, fazendo de nós algo semelhante a robots programados, tendendo a ser quebrada através da traição, retratada em “Home Invasion” que, idealmente, acaba em arrependimento e perdão, “Regret #9” e “Transience” respectivamente.
“Ancestral” e “Happy Returns” representam novamente um movimento ascendente da relação.
Foi guardada “Perfect Life” para o fim não por algum tipo de esquecimento, seria mesmo impensável falar deste álbum sem colocar esta música em foco, mas porque como anteriormente referido, o álbum fala de relações familiares, não se focando concretamente nos casais. Pois que “Perfect Life” e “Happy Returns” sublinham explicitamente as relações entre irmãos. A primeira é o declamar de um poema fantástico que retrata a relação entre duas irmãs “emprestadas” narrado pela mais nova, explicando toda a influência que a outra teve na sua vida, tudo o que lhe mostrou e ensinou, tudo o que passaram, toda a perfeição da relação que, de súbito, desaparece e nem as memórias ficam. Apesar do título sugerir o contrário, é uma canção que não retrata felicidade mas sim o desmoronar de algo em tempos glorioso, talvez mais fácil de perceber para quem tem irmãos e, em especial, para os (as) “caçulas”. Brilhante na letra e no som.
Um álbum brutal, avassalador e tocante que relata relações sem se cingir às comuns paixões entre duas pessoas, sem medo de mostrar diferentes pontos de vista em relação a questões tão sensíveis. De composição e produção a roçar a excelência, tem como único ponto menos bom o facto de contribuir para a já longa espera por algo novo dos Porcupine Tree.