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Com o bater dos 35 anos de carreira, os alemães Tankard editam o seu décimo-sétimo disco “One Foot in the Grave”. E com um título desses até poderíamos pensar que a banda se encontra perto do seu fim e que o reconhece, mas nada disso.
Mesmo com as três décadas e meia de estrada, sem hiatos, os Tankard não mostram qualquer sinal de abrandamento. Sem querer ficar atrás dos seus conterrâneos Kreator, quiseram assinalar este ano com um álbum forte, sem que necessite ser dos melhores.
Mas há interesse neste “One Foot in the Grave”. É que depois destes anos todos e após tantos álbuns semelhantes a manter a marca festiva e humorística dos Tankard entre os “Big 4” alemães, parece que ainda é tempo de surpreender os fãs.
Conseguem essa surpresa pela sonoridade? Nem por isso. O que aqui se encontra nestes dez temas é thrash metal teutónico como sempre o conhecemos, a mantê-los próximos dos outros nomes sempre enumerados antes que eles como os Kreator, os Sodom e os Destruction, com tanto gosto pelo riff rápido de fazer trabalhar pescoços, como por uma melodia catchy, aqui responsável por potenciais novos hinos de concerto, a ser entoados por uma plateia inteira. Tanto se adora a agressividade do thrash clássico da Bay Area, como se mostra o mesmo apreço pelo heavy metal mais tradicional, o que mais se nota a revestir muitos dos refrães e solos aqui presentes.
Temas como “Pay to Pray”, “Arena of the True Lies”, a gritaria e protesto que se faz sentir numa raivosa “Don’t Bullshit Us!”, “Secret Order 1516”, forte candidata a canção do disco e a descarga conclusiva de “Sole Grinder” a garantir que se mantém o pé no acelerador bem até ao fim, são canções a pedir audições repetidas e a pedir lugar entre os clássicos. Mas estão bem dentro daquilo a que já estamos acostumados nos Tankard. Mas afinal onde está a surpresa?
É que os Tankard têm a sua própria marca. Sempre os mais faroleiros e bem-dispostos de um estilo de música tão cheio de raiva, quiseram denominar a sua música de “alcoholic metal” e raro era o tema em que não se fazia uma ode à pinga. Dezasseis discos antes deste e todos eles bem regados de cerveja, ressaca e muita gargalhada fácil. Quando se fala em Tankard, fala-se em álcool. Menos em “One Foot in the Grave”. Aqui surpreendem com letras bem mais sérias, críticas e políticas.
Atacam a religião em “Pay to Pray”, mesmo que mantenham um humor tongue-in-cheek – “I sold Jesus backstage passes” – atacam a mídia em “Arena of the True Lies”, resumem o pavoroso clima social actual em “Lock ‘Em Up!” e não é muito difícil de decifrar o tema por trás de uma faixa intitulada “Syrian Nightmare”. Até mesmo a “canção alcoólica” desta lista, a tal “Secret Order 1516” é feita numa abordagem mais séria e de um ponto de vista histórico e crítico. A macacada habitual da banda está mais presente em “Sole Grinder”, um tributo muito especial ao seu manager. Mas para este novo disco, os Tankard pousaram os copos e têm um olhar mais sóbrio para o mundo que os rodeia. Quiçá para justificar toda a bebida que normalmente os acompanha.
Pode assustar alguns fãs da banda que procurem mais o seu lado humorístico e que já estejam saturados da carga política que exista na música, dentro ou fora da pesada. Mas os Tankard nunca foram alheios a isso, apenas se debruçaram mais que o habitual neste novo registo. E não deixam de soar a si mesmos, provando que Tankard é Tankard, com ou sem pinga e “One Foot in the Grave”, sem acrescentar algo por aí além ao som da banda e ao género, é perfeitamente competente e puxa umas quantas audições adicionais. Se quiserem beber um copo a ouvir estes novos temas ainda podem fazê-lo e se quiserem convidar Andreas “Gerre” Geremia e companhia para que vos acompanhem, com certeza que eles se juntariam. Duvido que tenham passado por alguns doze passos ou se tenham tornado cristãos renascidos para mudar os seus costumes. Os Tankard sérios continuam a ser os Tankard.