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Aqui fica um facto: não há outra banda no mundo como os The National. Passados cinco álbuns, uma mão cheia de EP’s e dois documentários, é difícil apontar uma falha, uma desilusão, um erro que seja. As linhas que fecharam o último capítulo, High Violet, enchem-se de fama, de reconhecimento, de um mundo inteiro a seus pés, com a absoluta certeza que a banda tinha chegado a toda à Terra para ficar. Merecido.
É difícil não ser tão pessoal com os The National. São dezenas e dezenas de canções que completámos com as nossas histórias, desde a tenra adolescência acompanhada das berrantes Mr. November ou Abel até à verdadeira descoberta das entranhas da música (e também das nossas) com tudo aquilo que Boxer trouxe. A seu tempo, fechámos-nos de alguma maneira em cada um dos momentos da banda. Soubemos encontrar o nosso lugar no lugar que a banda decidiu criar.
Para Trouble Will Find Me já o fizemos. Depois da maior tour, da maior exposição de sempre no percurso da banda, o mais recente passo parece viver ainda na consequência disso, procurando agora um certo repouso. Demons, a primeira amostra de Trouble Will Find Me, está muito longe de uma irascível Terrible Love e de toda a sonoridade catártica e raivosa, sempre rumo a mais um denso e barulhento crescendo – o principal argumento de High Violet era esse. Centrando toda a sua magia em Matt Berninger, que vagarosamente nos vai falando mais do que cantando, Demons volta ao desespero, a todos os medos do costume, escritos numa lírica que mais do que nunca narra a própria história de Berninger, menos fantasiosa, mais interior e por isso, muitíssimo pessoal e intensa.
Don’t Swallow The Cap é mais um tema que se pinta de tons neutros, sem que nada saia realmente do sítio. Mais contida, encontra-se à média luz e reafirma um maior cuidado orquestral – característica que sempre esteve presente no universo da banda mas que vê em Trouble Will Find Me ganhar outra preponderância (veja-se I Need My Girl), silenciando a tempos o motor Bryan Devendorf na bateria. Seja com toda uma panóplia de instrumentos de sopro ou com violinos, são estes arranjos uma das maiores virtudes de Trouble Will Find Me.
Depois da crueza arrepiante de Fireproof, da ode maquinal que é Sea Of Love (a lembrar Bloodbuzz Ohio), há ainda Graceless – meia irmã de Brainy -, mas é em This Is The Last Time que Trouble Will Find Me tem um dos momentos mais incríveis, com Berninger a atacar o tema quase a cappella para depois, bem ao jeito da banda, se ver abraçado brilhantemente por toda a instrumentação.
Mais do que nunca, os The National reinventaram-se e não caíram no desleixe pós-hype que podíamos recear. Dos constantes murros no estômago que tão bem caracterizam High Violet, recebemos agora uma espécie de toque leve que, como sempre, arrepia. Hard To Find é o exemplo máximo disso, naquela que é seguramente a melhor canção de fecho de álbum que a banda alguma vez escreveu. Podemos não saber como é o dia de amanhã, mas depois de Trouble Will Find Me, não restam dúvidas: a banda sonora que nos faz reviver certas histórias do passado, será a mesma que preencherá as que aí vêm. E quase só por isso, já valerá a pena viver.
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)