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No final do passado mês de Setembro os Alt-J lançaram o seu último álbum This Is All Yours, com o título a sugerir uma oferenda aos fãs que, por sinal, têm sido parte bastante importante neste curto mas deveras interessante trajecto da banda de Leeds.
É estranha a percepção do sucesso que têm tido e talvez mesmo um sinal que ainda existe bastante público interessado em música repleta de sentimentos e emoções. É isso mesmo que a música dos Alt-J é, repleta de sentimento e emoção, sem para isso terem sequer de recorrer a pratos nas suas baterias, algo típico do rock e especialmente usado para enfatizar refrões e secções excitantes. Não chego a saber bem se é legítimo dizer que estes são uma banda rock, mas uma coisa é certa, são autênticos mestres a trabalhar com dinâmicas.
Segundo a banda, This Is All Yours foi maioritariamente composto durante a tour do seu álbum de estreia An Awesome Wave (2012), alguns temas ainda antes da saída do guitarrista e baixista Gwil Sainsbury (substituído por Cameron Knight). Algo que se percebe bastante na própria estrutura sonora que não mudou tanto quanto isso.
Um álbum com o seu “quê” de conceptual já que no próprio alinhamento podemos perceber uma visita a uma tal de Nara, repleta de histórias e episódios.
Desta vez podemos reconhecer a adição de electrónica também nas percussões como são exemploBloodflood Pt.II, Leaving Nara ou no single Hunger of the Pine, sem que para isso as músicas percam a sua “dimensão celestial”, tão característica dos Alt-J. Chega mesmo a ser impressionante como com os sintetizadores, os samples e todas as componentes mais electrónicas essa “dimensão” seja tão latente, talvez emprestada pelos pianos, as guitarras limpas, as vozes timbricas e harmonicamente interessantes e o dito doreverb que nos transporta por vezes quase para o interior de uma igreja, algo que podemos confirmar em músicas como Arrival In Nara ou Choice Kingdom. No início de Nara podemos mesmo ouvir sinos e a palavra “aleluia”.
Os singles Left Hand Free e Hunger of the Pine são talvez as músicas mais pop e comerciais de todo o álbum, com a primeira a transmitir-nos uma certa vontade de começar a dançar até mesmo no solo tresloucado de teclas. É também exaustivamente repetida a pergunta do que acontece com a mão esquerda livre acabando pela mesma ficar sem resposta. Em Hunger of the Pine chegam mesmo a usar samples da voz de Miley Cyrus. Every Other Freckle foi o terceiro single e, talvez por isso, já foge um pouco ao típico hit de rádio.
O álbum conta ainda com momentos de música quase para crianças, como é o caso de Warm Foothills (com ajuda de Conor Oberest (Bright Eyes), Lianne La Havas, Sivu, Marika Hackman e um assobio viciante) ou Garden of England, uma pequena peça com flautas que nos transporta para um qualquer bosque em plena Primavera.
Em suma, com este This Is All Yours, os Alt-J solidificam o seu papel de banda que mistura guitarras e novas tecnologias com música erudita sem perder o estatuto de banda de rádios e festivais. A fazer lembrar por vezes projectos provenientes dos países nórdicos (não os metal), sabem perceber quando as percussões, em especial, e todos os outros instrumentos devem de perder preponderância, mudar o registo timbrico ou não tocar mesmo, de forma a alcançar um estilo musical inovador e que nos leva a visitar uma autêntica panóplia de ambientes.