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Demorou e só no final de 2017 é que os U2 conseguiram ultrapassar os contratempos que levaram ao adiamento de “Songs of Experience”, aquele que seria o álbum gémeo de “Songs of Innocence”, de 2014.
No entanto, toda essa antecipação, desculpas, mudanças de clima político e digressões de celebração de um dos seus mais icónicos discos, acabaram por servir como uma melhor promoção do que aquela bizarra estratégia de marketing com que nos forçaram o anterior registo.
Pensado inicialmente para ser um disco muito mais pessoal e introspectivo, “Songs of Experience” acabou por ver um caótico clima político interferir. E os U2 não fizeram carreira a ser propriamente discretos nesse campo. Este novo trabalho acaba por isso por misturar estas duas vertentes, tanto Bono lida com algumas das suas emoções mais pessoais, como se de uma versão de meia-idade do “Boy” ou do “October” se tratasse, como está armado de megafone a exclamar a sua opinião, a pedir acção ou a enumerar nomes. E pelo meio ainda conta com a cortesia de Kendrick Lamar a ajudá-lo na transição de “Get Out of Your Own Way” para “American Soul”, algo que nos soa familiar pela sua presença em “XXX”, do próprio Lamar.
Musicalmente também se misturam duas facetas na sonoridade de “Songs of Experience”. Há algum tempo que o lendário grupo tem vindo a “ameaçar” com mais experimentalismos e novos riscos que de facto existem aqui e se juntam ao som acomodado e sem extravagâncias da banda. Neste último lote temos a politicamente carregada “Get Out of Your Own Way”, “Lights of Home” ou “The Little Things That Give You Away”, que nos leva a uns renovados U2 de 2000, e depois no campo das experiências temos algumas a correr melhor que outras. “American Soul” é bem conseguida, por exemplo, mas a electrónica algo forçada de “The Blackout” causa algum desconforto, juntamente com o breve uso de autotune na introdutória “Love Is All We Have Left”, que não parece ser assim tão necessário.
Apesar disto tudo, os U2 são uma banda de estádio com um legado intocável e enquanto conseguirem apresentar novos temas para acrescentar às suas setlists em arenas cheias, podemos colocar de lado qualquer pretensiosismo que é sempre fácil apontar-lhes. Estas novas canções são mais fortes que as do disco anterior, superando-o quase de imediato, e vêm provar que afinal a fonte de inspiração dos U2 ainda não secou.