//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Há bandas que conseguem dar a volta por cima em situações bem difíceis. No caso dos veteranos Voivod, o fim parecia estar escrito por todo o lado com a chocante morte do inigualável guitarrista Piggy em 2005. Piggy era, sem tirar nem pôr, o coração da banda, um dos fundadores, o principal escritor e compositor e dono de um estilo de tocar guitarra tão próprio e inconfundível que se destaca como um dos principais factores para engrandecer os Voivod como a gigante banda influente que são.
Dois álbuns de pouco fôlego ainda lançados depois disso com material que Piggy deixara e esperava-se que se encerrasse o livro da entusiasmante história da carreira dos Voivod. Mas não só decidem voltar a arregaçar as mangas para voltar ao trabalho com força, mas também apresentam o seu melhor trabalho em muitos anos. E a qualidade que isto apresenta não nos dá a entender que isto foi um tiro no escuro que deu certo, foi um movimento muito bem calculado e conseguiram mostrar ao povo um disco onde não damos pela falta de Piggy ou, pelo menos, não ficamos num constante lamentar de saudosismo.
Há pormenores a ter em conta que possam abrir a curiosidade para este álbum: o ex-Metallica, Jason Newsted abandona para dar lugar a Blacky que reentra após a sua saída em 1991. Mesmo sem Piggy, este consegue ser o disco com mais membros da formação original em muito tempo. Mas a principal atracção: Chewy, o novo guitarrista, com um trabalho impecável a deixar Piggy orgulhoso onde quer que ele esteja. Uma enorme vaga que ele tinha para preencher e consegue-o lindamente, sem disfarçar a sua adoração pelo guitarrista que substitui, não estivesse a sua influência ali tão vincada.
Com estes alicerces, começam a construir um disco repleto de composições caóticas, hiperactivas, futuristas, sem medo de andar pelo “esquisito”, com estruturas inusuais e com suficientes passeios entre o thrash metal e uma sonoridade técnica progressiva que dificulta a etiquetagem de um género. Resumindo: os bons e velhos Voivod. Com qualidade suficiente para andar aos níveis de um “Nothingface” – álbum com o qual este é tão comparado, no bom sentido.
Difícil será descrever cada canção por si e a melhor forma de ser explicado o caos harmonioso – ou harmonia caótica? – que se passa no estilo próprio dos Voivod é ouvindo. Mas dá para enaltecer uma coisa ou outra. O trabalho vocal de Snake encontra-se no seu pique de cru e de influências punk. O regresso de Blacky ao baixo traz mais um dos sons inconfundíveis que tanto espanto causou na altura dos míticos álbuns “Dimension Hatross” e “Nothingface” – é praticamente impossível escrever sobre Voivod com Blacky sem utilizar o termo “blower bass”. Quanto ao baterista Away, não só se aclama o seu trabalho atrás do seu kit, mas também se deve a ele os constantes temas de ficção científica, futuristas e pós-apocalípticos que se juntam ao vasto leque de factores que tornam os Voivod tão únicos. E claro, ribalta especial para o novo guitarrista Chewy, com um desempenho estupendo e uma capacidade tremenda de substituir o insubstituível com um tocar influenciado por Piggy mas com identidade suficiente para ter o seu estilo próprio e com técnica e elaboração mais que suficiente para deliciar puristas de música difícil.
E o resultado é “Target Earth”, melhor disco da banda em muitos anos. Poderá sair como uma das grandes surpresas do ano pelas circunstâncias em que saiu. Mas conseguiram-no e obtiveram um registo a resgatar o som clássico dos Voivod, enquanto soa tão futurista – afinal de contas esse é o som clássico do grupo. Mas é seguro dizer-se: os Voivod estão de volta e com uma genica assustadora…