Doom cru, mas não tão duro. Soma é o segundo álbum dos estadunidenses Windhand, e se poucas diferenças apresenta face ao primeiro trabalho homónimo, tal pode significar consolidação majestosa. Consolidação de uma sonoridade que tem tanto de clássica quanto de fresca.

O doom-metal sempre se revelou para as massas como uma música que homenageia os confins da escuridão humana através de trejeitos psicadélicos. Quem adora sabe que podendo chegar a esses confins, é bem mais fácil encontrar luz nos mais pequenos detalhes. Windhand distorce esse conceito, para nos revelar um doom-metal de pormenores prazerosos. As melodias orgásmicas dos vocais femininos de Dorthia Cottrell são sublimes, pois embora se exprimam em fusão atmosférica ao jeito de Electric Wizard, libertam-se com glamour dos acordes lentos em constante repetição. Para o bem e para o mal, Cottrel é realmente o trunfo máximo dos Windhand, mas não o único. Se Woodbine ou Feral Bones não nos sair da cabeça durante dias, é porque os riffs de Asechiah Bogdan e Garret Morris sabem dançar em tons dissonantes para atingirem no momento certo os acordes mágicos que fazem a voz de Cottrel levantar vôo.

Soma é sobretudo um clássico álbum de doom-metal. Tão lento quanto Electric Wizard mas bem mais clássico, menos ambiental, e em certos pontos mais progressivo. E estas diferenças também se aplicam em relação aos trabalhos anteriores dos Windhand, até porque Soma é assumidamente conceptual. Evergreen funciona como oásis acústico, e Boleskine é a epopeia de 30 minutos, resultando numa estrutura facilmente identificável. À medida que o álbum avança, os vocais vão perdendo cor para se fundirem de corpo e alma com a guitarra distorcida, cada vez mais experimental e ameaçadora. Os solos psicadélicos e a bateria hipnotizante são marcantes quanto baste, contribuindo para o classicismo do álbum e dos próprios Windhand, que começam a tornar-se num dos valores mais seguros da cena.

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Arte-Factos

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