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A rodagem de um filme é um processo bastante complexo que envolve milhares de engrenagens. Falhando uma, existe um efeito dominó e o inferno rapidamente se instala. No entanto, e acreditando no que conta alguns actores e técnicos, há sets que são muito mais do que a soma dos seus erros e percalços: parecem ser infernos literais, alvos de maldições ou assombrações ou simplesmente o alvo de um azar cuja explicação escapa por completo às leis do acaso. No mês em que o mundo saxónico celebra o Halloween (ou All Hallow’s Eve) e a nossa Península Ibérica se vai preparando para o dia em que honra os mortos e o desaparecimento daquela paredinha que separa a nossa realidade daqueles dos fantasmas, demónios e demais entes de susto, o Dez Takes de Outubro é dedicado às filmagens que parecem ter sido planeadas pelo próprio Lúcifer com requinte.
Como sempre nestes assuntos, cada um acredita no que quer. Sabe-se que no entretenimento, nenhuma publicidade é, no geral, má publicidade e tenham isso em conta antes de procurar o vosso Livro de São Cipriano.
Uma das mais influentes obras do cinema de terror deu ao mundo uma rodagem que dava um filme por si só. Os efeitos que provocou nos espectadores são lendários: pessoas a vomitar dentro das salas de cinema, desmaios entre o público e até um aborto espontâneo provocado pelo horror no ecrã. O filme é a adaptação de uma obra de William Peter Blatty que por sua vez se inspirou nos eventos que rodearam o exorcismo verdadeiro de uma criança do Maryland e testemunhados por cinquenta pessoas. As gravações pareceram assombradas por demónios bem reais, com nove mortos entre elenco e técnicos durante a rodagem, um incêndio que destruiu praticamente todos os cenários (excepto o quarto de Reagan, a criança possuída no filme), desgraças acontecendo a familiares dos actores (entre os quais a morte do irmão de Max Von Sydow e um atropelamento do filho de Jason Miller, ambos os actores interpretando padres) e lesões nas actrizes Linda Blair e Ellen Burstyn por mau funcionamento de cabos em cenas de quedas. A preocupação chegou a um ponto em que o realizador William Friedkin, com reputação de duro e inclemente, chamou às filmagens um padre para que realizasse um exorcismo real. Não terá resultado: quando o filme foi exibido em Roma, num cinema ao lado de uma igreja, um raio caiu e destruiu uma cruz gigante no topo, num sinal de que o cornudo não deve ter gostado da proximidade com o Vaticano. Uma curiosidade: a pós-produção de The Exorcist foi realizada em Nova Iorque. A morada? 666, Quinta Avenida.
Quando os problemas não são com o Diabo, é Deus quem mete a colher e em modos que lembram o velho demiurgo que transformou Sodoma e Gomorra naquilo que hoje conhecemos como o centro urbano de Setúbal. O filme foi um enorme sucesso, mas a polémica pregação de Mel Gibson teve os seus episódios penosos, particularmente para o actor Jim Caviezel, que carregou aos ombros a cruz de ser Cristo: Caviezel deslocou um ombro durante a cena da crucificação, foi chicoteado acidentalmente e descobriu que a maquilhagem que imitaria os seus ferimentos lhe causava uma dolorosa alergia que suportou durante toda a rodagem. Sofreu de hipotermia, atingiu-o uma infecção pulmonar e hospitalizado por pneumonia. Como se não bastasse, estando o actor na cruz esperando o início de uma cena, foi atingido por um relâmpago! O que vale é que um raio não cai duas vezes no mesmo sítio… se excluirmos um dos assistentes de realização que foi atingido por duas vezes nas filmagens! As carreiras de Mel Gibson e Caviezel sofreram um declínio após o filme, mesmo com o seu estrondoso sucesso, e tal também é uma espécie de maldição.
E falando em realizadores que parecem ter sido amaldiçoados depois de grande sucesso, eis os Wachowski. Matrix, a saga que tornou a dupla famosa, teve uma rodagem com mais problemas de realidade do que virtualidade. O primeiro filme não ofereceu problemas, mas Reloaded foi bem funesto: duas das actrizes principais morreram no início das gravações (Aalyah, também cantora, faleceu num desastre de avião; Gloria Foster, que interpretada o Oráculo, de cancro) e Jennifer Syme, namorada de Keanu Reeves, abortou o filho de ambos. Tal levou à separação do casal e alguns meses depois, Syme faleceu num acidente de automóvel. Mas os males estavam apenas a começar para Reeves: no período de gravações das duas sequelas, o actor foi hospitalizado por duas vezes devido a acidentes e a sua irmã viu uma leucemia que se pensava curada regressar em força. Tudo isto levou a vários atrasos na rodagem, levando o risco a que a produção fosse fechada por falta de fundos. Reeves teve de adiantar 24 milhões de dólares do próprio bolso para pagar um seguro que permitisse que as filmagens continuassem. Como nem tudo é mau, os filmes foram grande sucesso de bilheteira; mas isto é uma maldição, lembrem-se: a reputação de ambas as fitas é péssima e vejam bem o rumo da carreira dos manos (agora manas) Wachowski desde então.
O filme de terror de James Wan é baseado nas investigações de Ed e Lorraine Warren junto da família Perron, supostamente assombrada por um demónio na década de 70. A reputação dos Warren vale hoje tanto quanto a carreira de Maria Leal, mas tal não significa que a rodagem de The conjuring não tenha despertado calafrios e rumores. Os guionistas contam que as suas conversas telefónicas com os Warren eram invariavelmente alvo de estática sempre que o assunto tocava em fantasmas e demónios; o próprio realizador sentiu que estava demasiado embrenhado em tudo quando numa noite o seu cão, sozinho na sala, começou a rosnar para uma parede, correndo e fixando o olhar no vazio. Durante a rodagem, o hotel onde elenco e equipa técnica dormiam morreu e quando alguns membros da família Perron fizeram uma visita, um vento estupidamente forte rodeou-os e jurou-se a pés juntos entre alguns técnicos que os ramos das árvores perto nem mexeram. Ao mesmo tempo, Carolyn Perron, a mãe da família real e que não quis visitar o set, caiu em sua casa, segundo a mesma empurrada por uma força negra e poderosa. A actriz Vera Farmiga, que interpreta Lorraine no filme, acreditou de certeza, principalmente porque se sentiu particularmente incomodada com tudo isto. Tal talvez se deva com dois episódios que aconteceram em sua casa: numa noite, ao abrir o portátil, reparou em três arranhadelas na capa do mesmo; e na manhã seguinte, as mesmas marcas de arranhões surgiram na sua coxa, mesmo tendo dormido sozinha em casa.
Um dos grandes filmes de Roman Polanski criou sensação na altura em que estreou e boa parte dela nada teve a ver com o filme. Sharon Tate, na altura mulher do realizador, foi assassinada durante a rodagem pelo infame Chalres Manson e a sua família, num crime particularmente hediondo. Ainda por cima, Tate encontrava-se grávida na altura e a intriga do filme, numa enorme coincidência, lida com as dores de uma mulher que carrega no ventre o próprio Belzebu Esta coincidência não tardou a gerar o rumor de que Polanski estava a pagar por mexer com forças demoníacas. Não foi a única: o compositor Krysztof Komeda faleceu no final da rodagem devido a um aneurisma, algo que sucede também a uma personagem deste filme; e o produtor William Castle, que fez carreira no cinema de terror de série B usando gimmicks promocionais como este da maldição, adoeceu gravemente depois de o filme estrear e conta-se que terá suspirado no seu leito de hospital: “Rosemary, por amor de Deus, larga o raio da faca!”
Mais uma obra com putativa base real, base essa que caiu em descrédito nos últimos anos (e adivinhem lá quem investigou? Os Warren, está claro). Houve uma versão em 1979 e várias sequelas, mas foi num remake recente, há onze anos, que o bizarro tomou lugar e descrédito ou não, houve a sensação de que algo de maligno se passava. Ainda antes de tudo começar, foi encontrado nas margens do rio onde estava instalada a produção o cadáver de um pescador que ali fora dar. O actor principal Ryan Reynolds, que interpretava George Lutz, o pai de uma família que se muda para uma casa em Amityville onde alguns anos antes uma outra família, os De Feo, foi chacinada por um filho que alegou possessão demoníaca, conta que acordou praticamente todos os dias da rodagem às 3.15… a hora a que o verdadeiro Lutz se queixou de despertar quando morara na casa, nos dias que o levaram a quase repetir o crime original. E adivinhem lá a que horas acordava também o filho De Feo? Pois… Reynolds pensou que era apenas o seu subconsciente, mas outros membros da equipa técnica queixaram-se do mesmo; e Melissa George, que interpretava a sua esposa, conta histórias de lâmpadas a estourar, calafrios repentinos e sombras vistas nos corredores.
A maldição de Poltergeist é uma das mais conhecidas entre os cinéfilos. Durante as filmagens dos três filmes da saga, um conjunto de desgraças e acontecimentos estranhos geraram rumores e tal parece ter-se devido à utilização de esqueletos reais numa cena do primeiro filme. A razão? Era mais barato; o custo, a acreditar nalguns mais crentes, foi mais alto do que se pensava: quatro membros do elenco principal morreram. Se o caso de Julian Beck, um octogenário que falece de cancro, se percebe, e o de Will Sampson, quase com 60 e morto por complicações de um transplante, é apenas uma macabra coincidência, as mortes de Dominique Dunn aos 24 anos, estrangulada pelo namorado, e Heather O’Rourke, com doze por uma infecção, contribuem para o mito. Rourke, segundo alguns, viria a assombrar um dos estúdios da Paramount posteriormente… Um outro actor escapou por pouco da morte durante a rodagem, quando um palhaço mecânico que devia fingir estrangulá-lo o estava a fazer de facto! Aconteceu um incêndio no estúdio do terceiro filme da saga e JoBeth Williams queixou-se que durante o primeiro, sempre que chegava a casa, encontrava as molduras que deixara penduradas na parede espalhadas pelo chão.
Também baseado numa história real (melhor, num mito urbano recente), o móbil deste filme é uma caixa judaica para guardar vinho chamada Dybuk. Comprada por Jason Hanxon numa venda de garagem, trouxe-lhe azar e a história tornou-se viral ao ponto de adaptarem-na ao cinema. Hanxon sugeriu aos produtores que usassem a caixa real, mas todos recusaram, inclusive um céptico Jeffrey Dean Morgan, o actor principal. O azar, no entanto, perseguiu os envolvidos: por mais do que uma ocasião lâmpadas estouraram no set, muitas vezes junto ao realizador, e várias sensações fora do comum, inclusive um frio gélido de cada vez que se rodava uma cena em que a réplica da caixa estava envolvida, tornaram-se recorrentes. O céptico Morgan contou que deixou de sê-lo quando, cinco dias depois do final das gravações, uma garagem onde estavam guardados todos os acessórios do filme, ardeu sem explicação. Entre esses despojos, encontrava-se a réplica do Dybuk.
Mais uma história sobre a descendência do cornudo, mais histórias de erguer os cabelinhos da nuca. O filme de Richard Donner é uma das referências do género, mas os seus bastidores devem ter feito pensar mais do que duas vezes todos os envolvidos: três voos separados de três pessoas diferentes foram atingidos por relâmpagos e um voo para Israel, onde era suposto estar presente o protagonista do filme, Gregory Peck, despenhou-se sem explicação. Um hotel e um restaurante frequentados pelo realizador Richard Donner foram alvos de atentados do IRA e aconteceram vários incidentes com os animais que surgem no filme, incluindo um onde um tigre matou o seu treinador. O técnico de efeitos visuais John Richardson sofreu o mais estranho dos incidentes: numa folga pela Holanda, o carro onde se deslocava capotou com estardalhaço. Consigo ia a namorada, que também trabalhava no filme e que acabou por morrer decapitada… exactamente como acontece a uma das personagens de The Omen. O mais assustador? Junto ao carro encontrava-se uma placa, indicando a direcção para a cidade holandesa de Ommen. A distância? 66.6 km.
Penso que é auto-explicativo.